A vida como ela é
Hoje cedo pela manhã passei por um caminho;
No momento em que um mendigo acordava;
Pegava seus esfarrapados trapos de mansinho;
Saindo pela mesma calçada que a madame chegava.
Nenhum deles viu um rato que fugiu de soslaio;
Na lixeira que a pouco um gato pulara;
Todos fazendo parte de um misterioso ensaio;
No drama social que o destino tramara.
O mais engraçado é que na árvore ao lado;
Um bando de pássaros piava baixinho;
Deixaram cair a única minhoca;
E faziam uma algazarra em seu ninho.
Como observadora do tempo;
Fico às vezes analisando com grande valor;
A fragilidade de cada acontecimento;
Escondido na mágica de seu sabor.
E se pudesse interromper o destino;
Diria para toda a humanidade:
Parem essa estupidez em desatino!;
E olhem para além da insanidade.
Sintam cada pulsar da vida ao seu redor;
Olhando o entorno com encantamento;
Percebam a real beleza de cada flor;
Resistente a turba urbana em tormento.
Talvez buscando nosso real valor;
Saibamos decifrar os mistérios da vida;
Entendendo que não precisamos de dor;
Para que encontremos uma saída.
Ainda a tempo de manifestar o Amor;
E resgatar esse elo perdido.
ACCO