Um dia histórico...

Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea que libertava os escravos de seus grilhões.

Cento e vinte e dois anos depois será que somos realmente livres?

Um amigo disse certa vez que ele era racista e eu disse que não poderia ser, pois havia mecanismos que coibiam essa atitude e ele perguntou-me: “_Quais?”

E eu respondi: _ A Lei!

E ele riu e me perguntou: “_ Você já reparou a cor de meus funcionários?”

_ Não!

“_ Não há um só negro em minha empresa!” Completou ele.

_ Como você consegue burlar a lei? Quis eu saber.

“_ Muito simples existe currículo com foto e a entrevista!”

_ Como assim?

“_ De posse do currículo eu já descarto um monte pela foto e se a foto esconde algo à entrevista não!”

Pleno século 21, ano 2010, distância dos grilhões 122 anos, construção de nova mentalidade: INEXISTENTE!

Por isso pergunto somos livres?

Sou neta direta de NEGROS AFRICANOS trazidos da Mãe África, em navios negreiros, meus antepassados foram os braços fortes dessa nação, meus antepassados não quiseram voltar quando a escravidão acabou, criaram raízes, conquistaram terras na Bahia e foram vencidos pela seca, retirantes chegaram ao Goiás e finalmente ao Mato Grosso, onde hoje vivo e nasci graças a coragem de meus antepassados, da cor nada herdei, sou branquinha, meus filhos mais brancos ainda, minha vó uma negra vistosa na mocidade, hoje já está meia desbotada, como costumo dizer a ela e ela só sorri!

A liberdade é uma escolha que fazemos diariamente, porque o homem aparentemente livre pode ser mais prisioneiro do que já fomos um dia, como é o caso desse meu amigo, ele é prisioneiro de suas idéias, de seus sentimentos, de seus vícios, de achar que a cor da pele e mais importante que caráter, dignidade, honra, fraternidade, princípios que independente da cor.

O melhor funcionário não tem cor, é o homem mais honesto, cumpridor de seus deveres, que zela e cuida da galinha dos ovos de ouro.

Eu sou livre e você? Quais são suas idéias? Seus sentimentos? Qual é a fronteira do seu amor? Que liberdade você prega? Sua liberdade fere alguém? Um abraço fraterno!