Gentileza
Certo dicionário ensina que é “caráter do que é gentil; graça”. O mesmo dicionário traz que gentil é aquele que é “nobre; cavalheiro; amável”.
Muitos não sabem o que é gentileza. A maioria nunca consegue ser nobre, cavalheiro e nem amável com ninguém.
“Estou falando e estou ouvindo”.
Diariamente, vejo situações que me convencem de que o ser humano está, cada vez mais, próximo do fim. E isso não é nenhum exagero.
“É preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã”, disse alguém.
Outro dia, utilizando o transporte coletivo, um cidadão que estava à minha frente, na entrada do ônibus, colocou para trás o seu cotovelo, encostando-o no meu peito, enquanto entrávamos no coletivo.
De forma educada, disse a ele que não adiantava colocar o cotovelo no meu peito, como se me impedindo de entrar no ônibus, porque aquele era um momento confuso e as pessoas, que atrás de mim estavam, empurravam-nos todos para frente. O tal cidadão apenas me disse, de forma não muito educada, “só não encoste em mim”. O ônibus que eu utilizo é daqueles que demoram passar e, quando passam, estão lotados. Porque demoram, as pessoas vão se amontoando no ponto e, quando o dito chega, todos querem entrar de uma só vez. É aquela confusão. Afinal, depois de um dia de trabalho, todo mundo quer ir para casa.
Minha esposa me contou que, dia desses, um cidadão estacionou sua motocicleta em frente ao cursinho onde ela trabalha. Tal local, trata-se de uma área recuada da calçada e que pertence ao cursinho, não sendo, assim, um local público, onde as pessoas possam estacionar os seus veículos. Um dos funcionários do cursinho, ao perceber, dirigiu-se, educadamente, ao dito cidadão e pediu a ele que retirasse a motocicleta daquele local. Como resposta, obteve um nada educado “eu não vou tirar não e quero ver quem é que tira”. O funcionário, impotente, nada fez. Alguns instantes depois, quando saía, o cidadão foi até o balcão do cursinho, onde estava o funcionário, e, como o dedo em riste, disse a ele “não se esqueça da minha cara, porque eu não vou me esquecer da sua”.
Num mundo onde todos têm as suas justificativas, para cada um dos seus atos, fica difícil saber como agir. Todos estão certos. Pelo menos, é o que cada um entende.
Havia um álbum de figurinhas, quando eu era mais novo, cujo título era “Amar é...”. Para justificar o que era amar, muitas eram as figurinhas. Cada uma trazia uma recomendação: “amar é não perder a paciência”, por exemplo.
Precisamos, hoje, de um outro álbum, com o título, por exemplo, de “Ser gentil é...”.
Amar é ser amável, é ser nobre, é ser cavalheiro, é ser gentil, é agir com gentileza.
Precisamos praticar gentileza. Nos nossos contatos diários, com pessoas que nem conhecemos, precisamos aprender acerca do respeito, das questões que envolvem a boa educação, do tratamento amistoso etc. Só assim, é que poderemos esperar dos outros que também sejamos tratados dessa forma. Quando tratamos alguém com falta de educação ou com desrespeito, não podemos esperar de volta um tratamento diferente. E assim, os relacionamentos com aquelas pessoas com quem nos encontramos no ônibus, no cursinho, no banco, na padaria, no supermercado e em tantos outros lugares será sempre muito desgastante.
Por outro lado, sendo gentis, poderemos receber, daqueles que também o são ou daqueles que não o são, mas, ao serem tratados com gentileza, normalmente, responderão da mesma forma, as coisas poderão ter um desfecho melhor.
É claro que pessoas como o cidadão do ônibus e o da moto na porta do cursinho, mesmo que com eles sejamos gentis, não respondem da mesma forma. Para eles, só me resta esperar que um dia, seja por um motivo ou por outro, aprendam quão importante é praticar gentileza.