Estou Vivo
Dentro daqui de onde não sei dizer
De algo ou de alguem que vejo
De tudo que engoli, que pensei e que vi
Das infindas loucuras que pretendo fazer
Da areia que gruda em meu rosto
Da sandália que machuca o meu pé
Da moeda que vi no chão e não peguei
Da mulher que grita ao meu ouvido
Do pobre musico pobre na esquina
Do passo largo do soldado
Das velhas a prozear na porta
Das folhas que ainda estão na arvore
Do cheiro forte do alcool
Do ardor nos olhos por culpa da fumaça
Do cigarro do cafetão e a bolsa da vadia
Do choro do bebê, das freiras e do politico
Das sugeiras das paredes dos palacios
Da poeira levantada pelos cavalos
Dos dedos groços do vilão
Das lindas madeixas da donzela
Dos olhos de vidro de um bichano
Do futuro que não conheço
De tudo isso...
De tudo isso e um pouco mais
tirei uma única conclusão
Estou vivo!