Falar ou não falar?
Tem um lado que me faz sentir-me maravilhosamente bem por ter conseguido vencer uma barreira; barreira esta que eu mesma criei…
Já o outro lado, diz-me que fui muito estúpida em pensar que poderia me fazer entender.
Mas não disse tudo o que queria dizer; e não disse da minha auto-estima para despertar a piedade alheia…
Só queria ter dito que, sem auto-estima saudável não nos sentimos compreendidos; muitas vezes até injustiçados, vitimas do julgamento do outro. Mas o que fazemos em verdade é julgar quando outros falam, opinam. Mas a dificuldade está em nós, em externar as insatisfações para com o outro. Como não consigo dizer para alguém que desaprovo determinada atitude, guardo e nego (mesmo para mim) o sentimento. E a soma, gera a cólera, a raiva, a sensação de impotência, de pensar ter opinião menos valiosa que a do outro; alimentamos a insatisfação interna.
Agora por exemplo, sinto minhas idéias embaralhadas – e não tenho ninguém por perto pra me julgar, além da minha consciência. Sinto dor de cabeça, e sei que é resultado da culpa que sinto por ter a audácia de tentar falar o que penso; o que acredito ser verdade.
Penso: porque fui abrir minha boca? E aí sinto muita raiva por ousado; e de não ter atingido o meu objetivo; de não ter conseguido expressar meu pensamento; de pensar não ter compreendido o que li, pois não consegui falar, explicar a respeito do que li.
Sinto-me tão incapaz, inapta...
Sinto como se tivesse cometido o crime de ter falado da minha intimidade; e, o que é ainda pior, da intimidade daqueles com os quais convivo, sem que estes últimos tivessem me autorizado, ou estivessem presente para também falar o que pensam.
Penso que nunca falo, mas quando o faço não me atenho ao tema proposto; torno minha fala extensa, fatigante, inoportuna.
Assim, quase na totalidade das vezes, prefiro calar.