[Indefinindo-me]

Meus poemas... o que são meus poemas? Não sei... ao certo, nada sei, se eu sou aquilo em que penso, então os meus textos são aquilo que sou... neles, eu trato das afecções da [minha] alma. — Mas, que alma, Carlos!? Tu não te cansas de repetir que alma não existe!? Com efeito... a tua competência é pouca para esta finalidade — estudar a alma!

Oras... seriam afecções do [meu] Ser, então! — Mas, o Ser, Carlos?! Puxa vida... quanta incoerência... leste centenas de páginas e confessaste, de peito aberto, que não sabes o que é o "Ser"!

Tá bom, tá bom... meus gritos, então! — Piorou, Carlos, piorou! Escreveste muitas vezes que todo grito é inútil, que todo grito vai para a fundura da cisterna do teu chalé amarelo! De lá, nada sai... só entra. É, para todos os efeitos, um poço tapado!

Estou já desistindo... meus nadas, pronto; meus escritos são meus nadas! — Isso Carlos, isso mesmo: usa esta palavra complicada, que está ao alcance de pouca gente... agora, estás dando uma de esnobe, de difícil!

Merda... minhas indefinições de vida, então... — Olha só, Carlos aceitemos por agora, esta "definição", já que és incompetente para outra melhor... Melhor é que te indefinas de vez — sê honesto!

Ora..., pois que seja assim: indefino-me, desconheço-me, ao que vim, não sei... — Isso, Carlos, isso mesmo! E se dizes ser o que escreves, então, indefinir-te é mais honesto que chamares de "poemas" estas coisas que escreves! Continua a sobrevoar-te do alto, mas sem jamais baixares o voo...

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[Penas do Desterro, 02h51 de 04 de maio de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 04/05/2010
Reeditado em 10/06/2012
Código do texto: T2235932
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