A auréola líquida que as garrafas deixavam na mesa
Escrever poesia nas costas da mão - Talvez só restasse escrever nas costas da mão... Acender um cigarro, sem apelo para continuar a rabiscar sobre a pele clara. Nas costas da mão, abaixo dos dedos cônicos, finos, dedos de mulher. Escrevia até se cansar. Até levantar e esfregar as linhas tortas na água corrente. "Algumas palavras não precisam de atenção - A realização estava em saber que poderia escrevê-las".
Um problema? Não sei ao certo - Há escritores que preferem as costas da mão, a uma folha de papel - Uma árvore, a velha máquina de escrever, ou a auréola líquida que as garrafas deixavam na mesa. A escolha... A espera é algo compensatório. E quando - Tudo perde-se em palavras. Voltamos os olhos, para o cigarro que não acendemos, para a sombra projetada no chão, para a máquina que escolhemos... Após a caneta falhar tentando riscar a pele.