QUEM SOU EU?

Quem sou eu? Eu vivo para saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam em perfeita harmonia.

O interessante é perceber que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original e única. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada.

De vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. A imediatice das coisas geradas pela sociedade que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou.

É um mundo lindo colocado sobre cuidados humanos, e alterado por eles mesmos, onde tudo parte da necessidade de ter e ter mais gerando desigualdade e levando as pessoas a perderem suas identidades.

Há coisas que leio, que iluminam mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias em que vivemos e que perpassam pela corriqueira fragilidade das coisas.

O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações. Tornado o ato simples de viver dia-a-dia mais difícil e complicado de entender.

Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo. Vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser ou que devo procurar para minha fragilidade humana, pela força do aprimoramento.

Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias. Ou simplesmente sou forçado a cair nos pedregulhos e nas amarras da sociedade tornando-me não o que sou de verdade, mas o que os outros querem que eu seja aqui reside a crise de identidade.

Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam ou pelo menos tentam se aproximar, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões, nas quais queremos ou fazemos com que o outro seja produto do meu pensar e não o que ele verdadeiramente.

O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro que exige muito de nós mesmo e que requer abertura de nossa parte, visto que, nossas amarras impõem-nos e modela-nos como devemos ser.

Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado nesse processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser. E para ser devemos começar pelas coisas simples que a vida nos propõe.

Wallace Sousa
Enviado por Wallace Sousa em 29/04/2010
Reeditado em 03/05/2010
Código do texto: T2227307
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