DE LAGARTA ÀS ASAS DA BORBOLETA
Houve um tempo em que eu era lagarta e só lamuriava meu destino: arrastar-me sobre a terra e enxergar quase nada, além do meu assombroso corpo.
Houve um tempo em que me percebi encerrada num casulo, sem sequer distinguir minhas próprias pernas.
Houve um tempo em que cheguei a sentir saudades do meu arrastar sobre a terra.
E, quando arrazoei que meu tempo estivesse acabado, o aterrorizante casulo presenteou-me com um minúsculo facho de luz e este facho foi se ampliando, até que iluminou por completo o novo campo visual que se desvelava sob minhas asas trazendo imagens que meus olhos jamais haviam alcançado.
Embora não muito longo, foi nesse tempo que apreendi o sentido da vida.