De Poli para Mono

Aqui e agora, devemos ser monogâmicos para poder ser poligâmicos, enquanto deveríamos, no mundo ideal, poder ser poligâmicos para dever ser monogâmicos. Um tanto confuso? Eu explico.

Em nosso contexto, escolhendo alguém, devemos-lhe fidelidade cega. É por vezes reprovável até olhar para outro. Isso inspira confiança no parceiro, que desleixa. Progressivamente, deixa de ser atraente. É natural a instigação à busca de outros. Mantém-se o original apenas porque a escolha é imutável. Acumulam-se parceiros de forma, ainda que censurável, justificada. É um fundamento para a poligamia.

Ao revés, deveria haver algum espaço para competição. Se há vontade de união, deveriamos nos esforçar para cultivá-la tanto quanto para conquistá-la. Ou mais, pois já houve a construção de uma história. A possibilidade de ser trocado agrega valor e incita a natural monogamia.

Essas são apenas ideias que me ocorreram. Nada maduras, por sinal. No entanto, parecem fazer sentido. Não quero justificar nada com isso: há muito sou um heterossexual não praticante. Falta-me justamente quem me instigue e mantenha a chama ardendo. Havendo comentários produtivos, transformo isso em um conto.

Daniel Violato
Enviado por Daniel Violato em 25/04/2010
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