CIÚME
Divagar sobre o ciúme que me martelava o peito era mordaz. Era insano deslizar sobre platô da realidade mortal, humana – pateticamente humana. O estômago embrulhado em papel alumínio, posto no sol quente dos infernos. E era cancerígeno nutrir qualquer expectativa.
‘E agora, como dosar?’
‘E agora João? E agora Mané?’
‘Alô? Zé vem me ver. ’ – Preciso dividir-me por aí.
Acordava com aquele calor dos diabos: ‘Ele está me difamando entre bocas e nucas e coxas e putas’
O ciúme é termômetro dos doentes.
E eu: lado de cá – hipocondríaca desde criança: quê que faço com isso?