CIÚME

Divagar sobre o ciúme que me martelava o peito era mordaz. Era insano deslizar sobre platô da realidade mortal, humana – pateticamente humana. O estômago embrulhado em papel alumínio, posto no sol quente dos infernos. E era cancerígeno nutrir qualquer expectativa.

‘E agora, como dosar?’

‘E agora João? E agora Mané?’

‘Alô? Zé vem me ver. ’ – Preciso dividir-me por aí.

Acordava com aquele calor dos diabos: ‘Ele está me difamando entre bocas e nucas e coxas e putas’

O ciúme é termômetro dos doentes.

E eu: lado de cá – hipocondríaca desde criança: quê que faço com isso?

Berenice
Enviado por Berenice em 24/04/2010
Código do texto: T2217080
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.