Padres Pedófilos X Pais Omissos

                    Não posso querer esconder o sol com minha pequena peneirinha. A mídia já tratou de mostrar, com requintes de crueldade, alguns casos de pedofilia praticada por sacerdotes.
Não obstante a vergonha inicial, por praticar o catolicismo em toda a sua plenitude, não posso me calar diante dos fatos expostos. É como uma gilete cortando de cima abaixo a minha pele.
                    Para entender melhor toda essa grave situação, fui ver na íntegra os vídeos do Programa que tornou público o caso de Arapiraca. Cenas chocantes de fato, mas o que mais me chocou não foi ver um velho monsenhor praticando um ato sexual com um jovem. Não foi o fato de saber que aquele velho em situação ridícula era um Monsenhor. Poderia ser um advogado, um dentista, um professor, um pai de santo, um pastor ou um rabino. Nenhum deles me chocaria mais, ou menos. O que mais me chocou foi o fato de que, pelo depoimento dos jovens, isso vinha sendo praticado há pelo menos cinco anos. Sim, os jovens foram aliciados e por cinco anos puseram a mão no dinheiro da sacolinha da paróquia, (eles recebiam dinheiro e benefícios em troca dos seus favores).
                    O inacreditável é saber que esses filhos não contaram nada a seus pais e se deixaram prostituir por algumas moedas. E não eram poucas as moedas, pois o jovem que filmou o ato sexual do monsenhor cobrou trinta mil reais para ficar calado. Crime de extorsão. Depois assinou um documento de que não denunciaria seus desafetos para em seguida jogar na mídia o filme que tinha feito, certamente ganhando mais um "troquinho".  Não sei que crime é esse mas é tão imoral quanto a transa do monsenhor. 
                    Que medo é esse que afasta pais e filhos da realidade? O que estamos fazendo com nossos filhos? Onde estava a família desses meninos que não percebeu nada durante cinco anos? Por que não cuidamos das nossas crianças? Talvez porque tenhamos  muita pressa de chegar à igreja para dedilhar o terço diante do Santíssimo Sacramento. 
                    É dever do leigo ficar atento às atitudes de seus padres porque há pedófilos aqui e ali. A igreja não está fora disso porque é santa e pecadora. Sabemos que historicamente houve uma parte bem mais podre que esta, chamada SANTA INQUISIÇÃO, de caráter profundamente cruel que foi criada em 1229, no Concílio de Tolouse pelo Papa Gregório IX . (mas isso é assunto para o Dia das Bruxas).
                    Penso que devemos educar melhor os nossos filhos e mostrar, sem nenhum pudor, que também na Igreja, há dessas coisas. Eu sempre preguei aos pais dos catequizandos que a CATEQUESE começa em casa, portanto, se a criança for bem orientada para informar aos pais tudo o que lhe acontece, dizendo sempre a verdade, talvez essas situações não fossem tão trágicas.                     
                    Quando eu era criança e me preparava para receber a Eucaristia, os postes de luz eram de madeira e minha mãe costumava dizer que o PADRE é um poste... pode ser todo podre e estropiado, mas lá no alto ele tem uma lâmpada, cuja luz é chamada Espírito Santo. Os padres são homens, sujeitos ao pecado como qualquer um. Conheci padres generosos que realmente decidiram pelo Sacramento da Ordem por opção e vocação. Ao sacerdote eu devo respeito e a lembrança de que somente através dele é que eu posso  receber a Santa Comunhão. Contudo, nós leigos temos que cuidar para que a Igreja seja um lugar de encontro e celebração da Eucaristia. É nosso dever, pelo TRÍPLICE MUNUS que recebemos no dia do nosso batismo, denunciar todas as coisas erradas que vemos e pedir providências, ir às mídias, etc. Mas não podemos  perder a nossa fé naquilo que costumamos levar um bom tempo para acreditar. Não vou deixar que nenhum padre, pedófilo ou não, acabe com a fé que eu tenho na SANTA EUCARISTIA. 
                    Não podemos tampar o sol com a peneira e precisamos cuidar das nossas crianças, sendo elas catequizandos, coroinhas, acólitos ou simplemente meninos e meninas, o futuro da nossa igreja e de nossa Pátria.
                    ... E do alto da Cruz Jesus disse ao discípulo: “Filho, eis aí a tua mãe” - A mãe Igreja ficou ferida, arranhada e estropiada. Eu também estou machucada, mas vou continuar anunciando o Cristo que conheci nas novenas da minha rua, na lembrança de um certo Padre Francisco que chorava em meu ombro adolescente as suas angústias e fracassos mas ao mesmo tempo me ensinava que o amor de Deus era muito maior que as nossas dores humanas.
                    O Cristo que anunciarei não é covarde nem pedófilo. É o filho de Maria que me foi apresentado por uma mãe doente e pobre que me ensinou a rezar o terço contando feijões.
Podem me furar os olhos, tirar todos os meus talentos e me deixar  longe do Presbitério... Podem calar a minha voz no Ambão da Palavra, ainda assim, a EUCARISTIA continuará sendo a minha FORÇA! 
                    Não podemos perder a fé, porque é o AMOR de CRISTO que nos impulsiona e pecado nenhum prevalecerá sobre a pedra onde Pedro edificou a nossa Igreja.




Este texto me foi inspirado ao ler o colega do Recanto das Letras:
Paulo Fuhror – A CATEQUESE DA PEDOFILIA
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/2211309


Lili Maia
Enviado por Lili Maia em 22/04/2010
Reeditado em 23/04/2010
Código do texto: T2212431
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