Fluxo

Quem é tão barulhento que parece que vai estourar, a seqüência de pensamentos que eu sempre tenho antes de me deitar?

Faz meu coração bater tão rápido, que a partir de então, só consigo escutá-lo. Perdida num profundo mergulho ao vazio.

Deitada em um confortável colchão, luzes apagadas e agora silencio. Começo a desenvolver reflexões sobre o mau funcionamento da sociedade.

Inicio com a falta de respeito dos cidadãos, vizinhos. Pensamentos puxam pensamentos e saio da linha social para inventar historinhas. Conversas mentais sem receptor.

Discorro então sobre lógicas institucionalizadoras, que me fazem ficar deitada, aguardando dormir quando nem mesmo estou com sono.

Li passando os olhos outro dia, que trocar o dia pela noite não é saudável. Muitas fontes falam do beneficio de acordar cedo. Mas para mim isso não é generalizável (olha existe essa palavra!). E por mais que fosse o caso, de nada adianta ficar se forçando a seguir uma serie de coisas que acabam só tornando sua vida uma grande chatice.

Henry Thoreau mesmo diz, não é sua vida se você não vivê-la da forma como acredita.

Para que ter medo de morrer se já nem vive?

O fato é que eu definitivamente funciono melhor invertendo.

É claro que tudo muda em ferias, em um local repleto de natureza, ou raras exceções, onde o café deve estar presente. Mas cotidianamente, meu ritmo natural tem o pico de energia entre noite e madrugada, e precisa do descanso no inicio da manha.

Nada disso interfere muito no fato de que costuma ser muito difícil pegar no sono sem capotar. O que comprova que seria benéfico ter dias bem agitados. Como isso nem sempre acontece, a tv ajuda a induzir o efeito olhos pesados.

Mas pra isso preciso me expor às ondas transmissoras, me submeter à programação e ainda correr o risco de passar uma hora ou mais acompanhando algo que peguei por acaso. Sem contar o grande transtorno que é, quando começar a pegar no sono, ter que desligar, me livrar do controle sobre a cama e achar um local para deixar os óculos, que a esta altura, já deixaram um rombo na parte superior do meu nariz.

Ás vezes, pouco depois desse processo, eu perco o sono, ou alguém faz barulho e assim tudo recomeça.

Os dias são longos agora que acabei as aulas. Horas na busca do que fazer para não se entediar.

Não porque as aulas, projetos, trabalhos e reuniões fossem muito excitantes. Mas assim, pelo menos, eu tinha alguma coisa pra poder culpar.

Desencanei da academia. Já tava ficando muita encheção, ir fazer musculação quase diária, reservar um tempo pra isso. Eu já sabia desde o começo que não ia durar muito. Alem de não curtir esse tipo de exercício, eu não sou pessoa pra ficar me disciplinando. Se tiver uma aula ou ensaio, vou lá. Mas me organizar com horários e atividades é o tipo da coisa que faz a vida ser um saco. Alem do mais, eu sempre me atrapalho com isso.

Perder o papel em que anotou o que fazer esquecer de levar alguma coisa... regulares fatos que eu já aprendi a aceitar.

Sim, de fato uma das grandes coisas que torna a vida menos insuportável, é parar de se cobrar. Coisas que poderiam ser verdadeiros pesadelos podem ser tão divertidas como quando sonhadas.

Infelizmente essa descoberta não conclui o processo. Tem uma serie de outros problemas ainda não solucionados.

Como a falta de sono leva à falta de energia, fica mais difícil pensar em alguma coisa pra tentar melhorar.

Nos dias de maior inspiração FVM* funciona em diversas áreas (decoração, musica, culinária...) nos outros dias, Internet, joguinhos bobos e se esparramar por todos os lugares deitáveis da casa, preenchem as horas vagas.

A cidade pode trazer variadas opções de atividades, mas não costuma ser muito acolhedora em nada.

No geral, nota-se um grande sentimento de solidão e abandono. Prédios enclausurados, vida virtual, transito absurdo, são alguns dos fatores que dificultam o convívio social. Nas grandes metrópoles eles são mais facilmente encontrados.

Há momento em que temos tudo a nossa volta e não temos a quem recorrer. É quase como o lance de não ter nada (atividade) por certo tempo, quando aparece uma, aparecem milhares.

É quase engraçado, se não fosse frustrante. Talvez deixe de ser, no dia em que não for mais verdade.

Ficar de férias e ficar em casa, é quase como não ficar de férias. De fato, em certos aspectos pode ser pior.

Você sabe que tem coisas precisando ser feitas, vai jogando pra depois sem muita desculpa e chega o desanimo. Em pouco tempo não tem mais nada pra fazer e fica mais difícil descansar, no lugar onde tudo te remete a trabalho, estudos, projetos.

Se você não mora sozinho, tem sempre alguém em casa, que fica te fazendo perguntas, pedindo favores ou simplesmente te inibe de fazer exatamente o que você tem vontade, do jeito como a vontade foi pensada.

Quando você sai, vê os mesmo lugares, sente o estresse a sua volta e corre o risco de encontrar as pessoas, que se não são as que gostaria de evitar, te lembram de alguma coisa que você deveria estar fazendo e não esta, ou fez a pouco tempo e quer distancia.

Viajar costuma ser genialmente mais agradável, apesar do infortúnio da viagem em si (avião, ônibus...) geralmente super compensado. O problema é só voltar. Ás vezes os primeiros dias, são até amenizados, com o bom humor da viagem, as lembrancinhas e fotos, contar pros outros, tentar reproduzir alguma coisa que fazia por lá.

Só que inevitavelmente o tempo passa, e as coisas começam a pesar novamente. Tendo retornado de onde nada disso existia, irritabilidade é uma resposta natural.

O fato é que ao menos por minha experiência até então, os momento em que as coisas parecem caminhar, são inevitavelmente mais curtos e menos eficazes.

Dividir a casa com outras pessoas faz com que aumente a probabilidade de alguém estar no lugar que você quer ir, ou se incomode com a possibilidade de barulho. Ter uma empregada, automaticamente a atrai para o mesmo lugar que você.

Não da pra explicar muito bem, mas em algumas ocasiões, mesmo dormindo o numero de horas suficiente, ainda acordo com sono. Esse tipo de padrão, mantido ao longo do dia, faz obviamente, com que minha produtividade seja menor.

Já se imaginou naquele dia sem horários, depois levantar tarde e tomar café, sentar no sofá e ler o jornal de pijama?

Pois é, eu não mais. Um bando de noticias selecionadas especialmente pra você, e os outros milhares de assinantes. Estas te mantém informado dos infortúnios do planeta, incluindo a política. Faz centenas de anúncios, e traz novidades e fofocas (muitas vezes em forma de reportagem), que só me fazem perceber o quando quero distancia desse universo.

Tenho costume de dar uma checada no min/max da temperatura. Tem uma porcentagem de erro, claro. Mas o simples fato de olhar pela janela e ver o sol, não diz tanto sobre os graus.

Num ciclo de baixa energia, parece que não tenho força o suficiente para realizar as tarefas que preciso. Ocorrem alguns picos relâmpago e logo volto à sensação de exaustão.

Curioso como com a chegada da vitamina, ainda não absorvida, tive quase um dia inteiro de pico.

Tem alguns dias em que as coisas parecem funcionar bem, assim como seus opostos. Claro que novas aquisições, presentes, chegada de quem não vemos há certo tempo, contribuem. São pequenas ações que podem te fazer sentir bem sobre si mesmo. De novo não posso excluir que o oposto é tão valido quanto.

Ensinar algo que se sabe, para ajudar alguém, trás uma sensação positiva. Descobrir novas formas de fazer isso é muito satisfatório.

Realidade virtual em jogos de simulação, requer paciência e em pouco se torna cansativo e chato. O vicio é revertido em afastamento.

Já competição ou desafio no mesmo formato, podem ser excitantes, menos viciantes e mais satisfatórios.

A verdade é que muito do que tem importância sobre a sua vida ou você, é como você enxerga. No meu caso com quase cinco graus de miopia em cada olho. A ironia de fato serve de metáfora, preciso colocar os óculos.

Isso ainda não significa 100% da solução, pois não posso ver o que não esta lá. É curioso como a visão de cada pessoa sobre uma mesma coisa, faz com que sejam coisas distintas. Dessa mesma forma é regido o principio que faz com que alguém passe a não enxergar o que realmente se sucedeu, e duvide quando narrado pelos outros.

Até que ponto se pode acreditar em uma historia? Até que ponto se pode acreditar em alguém?

Esse lance de acreditar ou não, tem pouco a ver com a verdade, que não pode ser definida, apenas questionada. E um bom cético não deixa a oportunidade passar.

De fato acreditar que alguma coisa não existe, ou que algo não é concreto, continua sendo acreditar, talvez no oposto daquilo em que não acredita.

Geralmente seguimos algo como fonte de crença, não apenas religião, uma fonte de informação talvez.

Isso é de fato um grande equivoco. Falo não porque creio, mas por um pouco de conhecimento. É mais fácil decidir que não há nada verdadeiro a respeito da informação transmitida, do que tomar o conteúdo por correto. Mais de uma fonte é o que pode garantir a verossimilhança e credibilidade.

Agora, e acreditar em não acredita? Ou quem sabe acreditar na duvida (acho que respondi minha própria pergunta).

Vou esclarecer, anteriormente relatei que não acreditar em algo, pode significar crer em seu oposto. Mas uma forma ainda permanecia, constituindo o que poderia ser niilismo em sua forma pura. A de realmente se eximir de tudo. Não acreditar em nenhum dos lados, de se manter no flutuante vazio da indiferença, sem nada de importância, por não haver credibilidade.

Porem, crer na duvida, pode por si ser uma forma isolada de acreditar.

Ok, muito filosófico. Momentos de duvida são essenciais, os de certeza, vitais.

Para que partir agora às profundezas do desconhecido? Temos grandes arqueólogos, astronautas e milhões de profissionais qualificados para tal. Faria uma ficção, mas para mim a historia deve querer ser contada, não ser buscada para este fim. A idéia é sempre anterior ao trabalho. Podendo ser depois modificada.

É curioso como o tempo não passa e ao mesmo tempo passa rápido demais.

É engraçado como há momentos presentes em que me sinto muito mais jovem do que me sentia há alguns anos atrás.

Pressão no pé*. Quando já estou com tudo em dia pra ficar ok, mais essa. E em pleno frio, não é o tipo de coisa a que se associa. Alias, saúde é muito pouco uma ciência exata. Os casos são absolutamente variáveis. Um sintoma pode ser decorrente de coisas diversas. Não fica difícil compreender porque tantos anos de estudo.

Eu particularmente sou mais a favor da liberdade e da saúde emocional e mental, do que dizer, “saúde em primeiro lugar”. Mas é fato que entre certos extras, ou mesmo tarefas em certas circunstâncias, com comprometimento de saúde, fica mais complicado.

É que um resfriado, indigestão, distensão muscular... da pra superar, mas tem algumas coisas que podem tirar a consciência.

Particularmente sou favorável ao ensino da pratica de primeiros socorros. Porque na hora que precisamos, não existe depois.

Vou mudar de tópico. Só concluo com um pensamento. Talvez isso não seja uma regra, porem existem muitos tipos de pessoas, algumas sabem manter a calma, outras são agitadas, algumas entram em desespero. Esse é o tipo de coisa que deve ser levado em consideração quando se escolhe uma carreira (ou quem sabe um(a) parceiro(a) ).

A escolha, de qualquer forma é particular e não há determinações fechadas de quem pode ou deve. Tem quem acredite ser diferente. Mas é fato, alem de opinião, que nem sempre um perfil é o ideal. Às vezes ele pode ser um mero denotador de falsidade.

Principalmente em áreas menos burocráticas ou exatas, pode ser maior a variedade entre os perfis dos candidatos.

Limites, quem estabelece? De onde surgem? Por que nos temos a capacidade de repetir os mesmos erros, voltar aos mesmos vícios, ou insistir em algo que muito provavelmente mostrara conseqüências negativas?

O oposto também não funciona bem. A não ser que ocorra naturalmente.

*1: Faça você mesmo – do lema punk do it yourself

*2: Pressão baixa

sonhadora insone
Enviado por sonhadora insone em 20/04/2010
Código do texto: T2208624
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