EXÍLIO
Não me abstenho do claro sentimento pegajoso,
Este mesmo que conforta e por certo me conduz.
Alvo da conquista, bem silencioso que apascenta...
Devasso, sensível e doravante nascedouro da luz.
Não me atenho ao indagar este pujante momento
Emoldurado no que acredito como a fortaleza ideal.
Nem quero ao me disfarçar ante o enfrentamento.
Ser sutil na investida é esboçar uma imagem irreal.
Não suplico clemência, nem tampouco a louvação,
Somente envolto no que imagino seja um começo.
Deveras possesso de um alento e refém da paixão,
A trajetória comedida, côncavo, convexo e avesso.
Abstrata alusão ao que consinto como aura bendita...
Mistificada pelo tempo, objeto singular da saudade.
Inimaginável construção que se revela uma atrevida,
Quão sensata devoção, o espelho belo da felicidade.
Não me vejo a divagar num mar de absoluta emoção,
Se me valho deste dom e revogo a lei do pessimismo.
A realidade é consumida e resiste à magia do coração
Este que fora vítima do exílio no ápice do conformismo.
Quisera ressaltar o que pressinto e de vez em quando
Proferir palavras que suplantam a inexata intensidade.
Mesmo que os sonhos se posterguem e, nos amando
Na inesgotável e ilimitada razão, a pura sensibilidade!
Pirapora/MG, 19/04/10.