Fim de relação – Diálogo pessoal
Não vou negar, essa sensação é angustiante, tento não pensar tanto, mas é inevitável. Difícil imaginar algum bom motivo que a tenha levado a terminar comigo, espero que esse mesmo motivo á faça voltar algum dia. Talvez eu não tenha sido pra ela, metade do que ela foi e tem sido pra mim, talvez eu não tenha sido ou suprido aquilo o que ela espera de alguém... Ela talvez seja o melhor para mim e eu, no entanto, não seja o melhor para ela, sendo assim, eu só tenho que respeitá-la. È difícil tentar esquecer alguém que se faz assim tão presente, alguém que queremos sempre por perto, que desejamos tanto. Difícil aceitar não sermos o que esperam de nós, ainda mais quando se trata de alguém que se mostra justamente tudo aquilo o que esperamos de alguém. È difícil... Realmente dói... È frustrante!
São tantas as questões... Questões estas, que surgem sempre diante da dor, da angustia, de um sentimento... Talvez amor. Talvez o amor seja isso, um sentimento livre, que não necessariamente tenha que ser correspondido, que segue livre, sem dono, às vezes individual. Nesse caso, será que sou assim tão egoísta a ponto de não aceitar isso?
Será que o amor dói tanto assim? Talvez não seja amor, talvez eu queira tanto acreditar que seja, que no objetivo de tentar justificar tudo isso, sigo cegamente me enganando. Talvez eu não a tenha amado como imaginava, talvez ela tenha notado isso, não tenha sentido, a mulher é tão sensível quando se trata de sentimentos, justamente por conhecer e se entregar tão nobremente aos teus próprios. Fico aqui de alguma forma tentando culpá-la e, no entanto, o culpado pode ter sido eu. Ah essas mulheres, até quando machucam se mostram nobres, tão magistrais quando se trata de sentimentos... Estou me sentindo um homem das cavernas. Eu tenho medo... Medo de estar me enganando, vivendo uma fantasia que eu mesmo criei. Isso é tão frustrante... Eu fico aqui vendo sua foto, imaginando no que ela estava pensando quando partiu, quando saiu por aquela porta e decidiu sair da minha vida... Não consigo esquecer esse dia, esse momento. Não sinto ódio, não sinto raiva, não consigo guardar qualquer tipo de rancor, na verdade me sinto de mãos atadas, não sei o que pensar. Isso é tão injusto, seria tão mais fácil se eu pudesse sentir raiva, ódio, qualquer sentimento que me fizesse de alguma forma reagir, seguir em frente... Mas eu sou um covarde mesmo, não consigo, não me permito sentir qualquer tipo de rancor por ela, não me permito esquecê-la... Mas por que isso? O que eu realmente quero? Talvez eu só precise vê-la, mostrar a ela o que ela fez, buscar um motivo que justifique tudo isso, saber onde errei, quem errou ou talvez apenas me despedir.
Que sensação é essa...
Que dói, que lateja e se faz tão presente em mim?
Que sentimento é esse...
Que queima e só aumenta esse vazio que parece não ter fim?
Dói tanto e, no entanto, a quero tanto,
que ódio eu não consigo sentir.
Sou sincero, não me engano então me entrego,
Ainda desejo, eu não vou mentir.
Sentimento verdadeiro, tão intenso e que não merece ser calado,
Segue vivo, persistente, segue sonhando, mesmo que ainda ignorado.
Coração desesperado, pulsa forte, solitário,
Desolado não irá seguir em frente.
E não importa o que lhe digam,
Pois enquanto ferve, seguira sempre ardente.
Há quem diga que as pessoas que mais amamos, apesar de partirem, não vão embora realmente. Elas permanecem em nossas vidas de alguma forma, entre lembranças, sonhos, fantasias... Tentamos sempre de alguma forma trazê-las até nós e acho que é isso o que estou tentando fazer... Tentando trazer de volta, metade do tudo que ela me levou, tentando entender, metade do tudo que ela me deixou.
“O tamanho da fantasia é o que nos move, e antes de nos encontrarmos em um vazio, alimentamos nossos fantasmas e os deixamos crescer em nós”.