Essas luzes mortas em céus assim tão escuros, noite impiedosa
Silêncio atroz de gritos imensos no profundo de meu ser
Essa fuga com essa fúria, essa luta insana por absolutamente nada
A alma alada parada entre dois infinitos abismos, céu e inferno
Invenções de punir tudo aquilo que luta por não se calar em nós
E essa vida absurda para ser tão desejada a passar rapidamente
De repente é passado e acabado o que ainda nem se viveu
O gosto amargo do que nem se experimentou ainda
Vomitar palavras aos montes como se fizessem um mundo
Como se transformassem definitivamente o medo em esperança
Essa ruína em glória, essa miséria em algo menos que miséria
Como se tornasse aceitável essa angústia de não adivinhar os passos
um pouco de lirismo que explicasse ao menos tanta melancolia
Ou que tornasse menos enfadonho estar perdido sabe-se lá onde
Ou justificasse estar assolado pela incerteza ao fim de cada sonho
E onde ponho o que nem sonho sonhar talvez poder tentar ser?
E devo encarar esses fantasmas, os monstros, o pior inimigo
Tenho que lutar nessa batalha insana por um pouco de paz
E morrer para viver um pouco, matar-me para respirar aliviado
Deixar de ser, de ter, de querer, de fazer, fazer de conta que é
No guarda-roupa terá de haver sempre uma máscara apropriada
Um sorriso para cada ocasião, um disfarce para cada estação
Se me quisessem assim tão satisfeito o que teriam feito?
Um mundo melhor de aparências de realidade menos perfeito
Mais um olhar perdido em vão em minha casa de espelhos
Um passo em falso na preparada promessa de um cadafalso
Guilhotina para os pensamentos, fuzilem os sentimentos
Matem em mim a tosca inspiração e a tola imaginação
E me darão tudo pronto para engolir e difícil de digerir
Esses olhares de esguelha num caminhar tão tristonho
Se me ponho de cabeça erguida hão de me jogar no chão
Não olhe, não veja, não pense, não queira, não tenha, não seja
Anule-se por completo para a felicidade de ser mais um na multidão
Os meus papéis rabiscados... quanta inutilidade!
Meus sonhos de criança... quanta ingenuidade!
Minha crença no amanhã... quanta futilidade!
Trancadas todas as portas e janelas do ser
Engaiolados todos os sentimentos tão sublimes
Minha fé no homem queimada em praça pública
Migalhas de mim entre luzes mortas de um céu tão escuro
E as estrelas são trombetas anunciando mais uma noite impiedosa...
Silêncio atroz de gritos imensos no profundo de meu ser
Essa fuga com essa fúria, essa luta insana por absolutamente nada
A alma alada parada entre dois infinitos abismos, céu e inferno
Invenções de punir tudo aquilo que luta por não se calar em nós
E essa vida absurda para ser tão desejada a passar rapidamente
De repente é passado e acabado o que ainda nem se viveu
O gosto amargo do que nem se experimentou ainda
Vomitar palavras aos montes como se fizessem um mundo
Como se transformassem definitivamente o medo em esperança
Essa ruína em glória, essa miséria em algo menos que miséria
Como se tornasse aceitável essa angústia de não adivinhar os passos
um pouco de lirismo que explicasse ao menos tanta melancolia
Ou que tornasse menos enfadonho estar perdido sabe-se lá onde
Ou justificasse estar assolado pela incerteza ao fim de cada sonho
E onde ponho o que nem sonho sonhar talvez poder tentar ser?
E devo encarar esses fantasmas, os monstros, o pior inimigo
Tenho que lutar nessa batalha insana por um pouco de paz
E morrer para viver um pouco, matar-me para respirar aliviado
Deixar de ser, de ter, de querer, de fazer, fazer de conta que é
No guarda-roupa terá de haver sempre uma máscara apropriada
Um sorriso para cada ocasião, um disfarce para cada estação
Se me quisessem assim tão satisfeito o que teriam feito?
Um mundo melhor de aparências de realidade menos perfeito
Mais um olhar perdido em vão em minha casa de espelhos
Um passo em falso na preparada promessa de um cadafalso
Guilhotina para os pensamentos, fuzilem os sentimentos
Matem em mim a tosca inspiração e a tola imaginação
E me darão tudo pronto para engolir e difícil de digerir
Esses olhares de esguelha num caminhar tão tristonho
Se me ponho de cabeça erguida hão de me jogar no chão
Não olhe, não veja, não pense, não queira, não tenha, não seja
Anule-se por completo para a felicidade de ser mais um na multidão
Os meus papéis rabiscados... quanta inutilidade!
Meus sonhos de criança... quanta ingenuidade!
Minha crença no amanhã... quanta futilidade!
Trancadas todas as portas e janelas do ser
Engaiolados todos os sentimentos tão sublimes
Minha fé no homem queimada em praça pública
Migalhas de mim entre luzes mortas de um céu tão escuro
E as estrelas são trombetas anunciando mais uma noite impiedosa...