DEMÊNCIA
Como sobreviver nesta época excessivamente materialista, quando o meu desapego à matéria é tanta que é preciso forçar alguma forma de interesse por ela, para continuar aqui?
Todas as formas que eu apresento (ou será que represento?) de apego são tão falsas quanto a sua forte expressão de realidade.Todo o meu entusiasmo é alicerçado no dever de estar aqui ainda um pouco mais, embora eu nem saiba porquê. Sempre me sinto estrangeira neste planeta. Gosto daqui mas não quero ficar aqui. É bonito, mas não me serve. O que realmente preciso, o que realmente me serve não é nada disso.
Olho para o céu à noite e as estrelas me chamam. Sinto saudade de algum lugar que não sei onde fica. Só sei que não é aqui. Sei que estou aqui como observadora, mas geralmente esqueço disso e me deixo levar pelo turbilhão desse caos terreno.
Já aprendi muitas coisas, mas o caos nem sempre me permite manter minha consciência fixa nelas. É um jogo duro, difícil. Cansa tanto!