Inseguranças
Tenho me proibido tanto de escrever sobre meus sentimentos que sequer percebo que são eles que movem minha vida. Eu não quero que eles fiquem claros para ninguém além de mim, mas, no entanto, sinto uma vontade imensa de desabafar, e não sei com quem. E isso significa que provavelmente eles serão subentendidos por qualquer um. Digo ainda, que não estou preocupada em ser clara, nem com coerente e tampouco coesa. Estou triste, e mais que isso, sinto uma insegurança tão grande que é impossível fugir da agonia que me assola assim que me distraio. Há algum tempo, não sentia isso, tampouco sofria calada. Tudo estava em paz. Eis que algumas frases, alguns momentos, e olhares não tão sinceros destroem toda essa calmaria que eu acreditava sentir. Por que é assim? Onde eu errei? Sim, eu insisto em sentir culpa por gostar demais.
Sempre pensei que eram os sentimentos mais tristes que mais me motivavam a escrever. E cá estou escrevendo. Mas eu não recordo ter dito que sentia saudade de escrever sobre os meus sentimentos tristes. Mas como já disse, cá estou a escrever sobre meu sentimento mais triste: Insegurança, maldita insegurança! E como é triste me sentir assim. Só que não depende apenas de eu mudar isso. Creio que insegurança seja o pior sentimento que um ser possa sentir. Ele aperta judia, machuca, corrói e tira a paz. É algo que com palavras é difícil definir, mas pode ser comparado a uma faca cortando a pele bem devagarzinho. Incomoda, não tem como não sentir. Mas diferente da faca, não pode ser pausado quando se quer.
Procuro não pensar no que aconteceu no que ouvi, e no que meu bom senso insiste em me mostrar; porém, é inútil, é claro, e perturba.
Tento apenas focar meus pensamentos apenas em esperanças de que isso vai passar, e fazer de conta que assim eu conseguirei ficar tranqüila. Mas como uma dorzinha de cabeça isso fica incomodando, e não para de bater na porta do meu coração. Nada é igual, é tão claro, tudo está diferente, e eu odeio perceber isso.
Tento o máximo que posso segurar e manter as coisas lindas como deveriam ser. Mas isso escorre das minhas mãos como areia. Eu fecho meus olhos, meu pensamento é o máximo de sincero e minhas lembranças são claras e latentes, e percebo que é impossível segurar o choro. Eu queria ser melhor, mas eu não preciso disso, eu sou assim, e não consigo entender o porquê é errado entrar de corpo e mente nos sentimentos. Eu não seria melhor se amasse ou gostasse menos. Minha essência é essa.
E nessa hora, eu tento novamente acreditar que é apenas uma fase, que tudo vai passar, e que quando eu menos esperar, o meu telefone irá tocar e eu ficarei surpresa ao ouvir que tudo foi uma mera confusão, um momento de bobeira e que tudo está igual, que o sentimento de outrora ainda existe e com a mesma intensidade.
Levemente isso me acalma, eu aperto meus olhos e deixo as últimas lágrimas escorrerem novamente. A tranqüilidade toma conta de mim. Pelo menos até a próxima crise de pensamentos e lembranças. Mas tudo vai passar, eu acredito, eu espero e eu desejo mais que tudo que isso passe, e que a paz que eu sentia tome o lugar da insegurança que insiste em ficar perto de mim.