O que parece ser que um dia foi ainda será
Sabe aqueles dias que você acorda e nada parece fazer sentido? Nem mesmo as suas palavras parecem querer dizer alguma coisa? Assim é o sentimento que carrego embargado no peito ao registrar essas minhas letras que num primeiro momento remetem somente ao inútil. É plausível que se escreva sem ter em mente o crescimento intelectual de quem lê? Talvez com tudo o que se lê em revistas e jornais atualmente, a resposta seja sim. Mas ainda vivo da nostalgia e a minha resposta é não.
Por mais difícil que seja a inspiração num momento em que tudo o que vejo é o horror, não consigo escrever nada que não venha a instigar o pensamento. Eu me recuso ao papel de massificador. Quero a crítica, a complicação, a discussão nem que seja do óbvio. Então vamos falar de alguma coisa, filosofar. Fazer alguma coisa que seja útil para quem lê.
Leitura é tudo. Quando temos para ler algo que nos faça crescer, aprender, pensar, isso sim nos satisfaz e nos motiva a querer ler, a querer pesquisar, explorar, buscar novas experiências a todo momento. Quando se lê algo de qualidade o gosto pela leitura vai apurando e nos deixando cada vez mais capazes de ler e de entender tudo aquilo que chega até nós. Assim também vamos desenvolvendo a habilidade para de certo modo separar o joio do trigo. Lemos muita coisa boa, mas o chamado lixo cultural bate à nossa porta todos os dias. É isso o que chamo de massificação.
A mídia em todas as suas modalidades promove esse fenômeno nocivo aos leitores, contibuindo assim para que se dê valor aos conteúdos de mais fácil compreensão, às fórmulas de ludibriação e persuasão intelectossocial. Não se faz mais pensar, é dispensável a discussão, tudo vem pronto. Não se tem mais compromisso com a verdade, pois ela pode ser moldada, ter versões. É inadmissível isso, mas é a realidade.
Tão maravilhoso era o tempo em que se formavam rodas para leitura, em que o ponto de encontro de qualquer cidade era na biblioteca municipal. Quantas viagens não eram realizadas por meio da literatura. E as crianças que mergulhavam nos contos de fadas. Sonhavam, iludiam, sorriam. Não era como hoje inculcadas ao consumismo, ao erotismo e à violência. Tudo o que era belo e prazeroso foi trocado pelo rápido e massificante.
Precisamos de cada vez mais escritores, poetas e até mesmo de pessoas como esse que vos escreve, que mesmo não querendo dizer nada, acabem dizendo tudo. Vamos inundar a sociedade com pensamentos que levem à crítica e à discussão, para que todos possam crescer intectual e culturamente, livres da praga da massificação. Um dos fatores primordiais do direito à liberdade de expressão é também o direito a ler e poder compreender o que se lê. Façamos nossa roda e vamos conversar, ler, fazer poesia e tornar a vida mais suave.