INCONFESSÁVEL
Nas mal traçadas linhas de minha vida
Escritas numa folha em branco com tinta vermelha
Sem pautas, nem bordas
Apoiada na mesa bamba
Pelo piso irregular
Da senzala fria e escura que aprisiona meus temores
Nesses porões féticos do inconfessável
Repousam os meus pecados
Em profundo silêncio
Que às vezes despertam aos gritos
Ecoando no túnel do tempo da memória
Apunhalando a consciência
E derramando o o sangue da culpa
Que borra a folha em branco
Mas posso virar a página
Abrir uma nova folha em branco
Trancar a senzala novamente
E continuar escrevendo a história
Até que um novo monstro desperte
E eu consiga dominá-lo, libertá-lo
E finalmente, perdoar-me