EREMITAS AOS MONTES ESCONDIDOS DE SI MESMOS, TALVEZ.

Eremitas aos montes escondidos de si mesmos, talvez.

Desde que comecei a rascunhar coisas que achava bobagens, numa vontade de dizer ao mundo que não crê em eremitas “pero que hay hay”, percebi por uma meia dúzia de pessoas que leram e retornaram ao meu texto, e me fizeram observações, que é possível. Ou parafraseando o encontro social mundial “outros eremitas são possíveis”.

Uns montes deles já o são e não sabem. Não se aperceberam e adotam para si outros nomes que os defina. Pintores, poetas, desenhistas, artistas... No sentido lato todos são eremitas – pois sua arte pulsa de sua loucura. Essa mesma loucura que o mundo chama e que nós dizemos amor a Deus e realidade.

Conheci gente muito boa, gente do mesmo perfil que eu, gente madura, inteligente, “com diplomas amarelos colados na geladeira”, com poesias antes guardadas nas gavetas e que agora pululam na internet.

Gente que tenho certeza, tem fé em Deus, que faz da poesia sua melhor prece. Que abandonaram suas igrejas – ou raramente entraram em uma e que vagueiam “como ovelhas sem pastor”. O evangelho nos diz que Jesus compadeceu-se delas.

Gente já bem resolvida na vida, pobre ou ricos não importa, mas que se sustentam... E que sustentam ao mundo com sua poesia.

Gente que se soubesse dessa “saída triunfal do mundo” para entrar no eremitério até gostaria disso. Um homem, uma mulher, eremitas! Por que não? Melhor que perder tempo no mundo vazio de conceitos ou paradoxal demais, melhor que ver televisão dominical, melhor que “chatear-se” com bate papos na internet... Ainda aqueles amantes de livros, letras e tintas.

Gente que se cansou de ser católico de boca, ou que viu que lá muita coisa é de boca (pra fora). Gente que poderia conhecer o anglicanismo, como plano B para seu sentimento de religiosidade não compreendida.

Ou então que poderia, na solidão, politicamente correta, consagrar-se a Deus e a humanidade fazendo a maior de todas as poesias, e telas, e textos: a oração desinteressada e anônima.

Estou aqui de novo, um monge beneditino anglicano, amante das letras, teclando, teclando, evangelizando.

Se é proselitismo não sei. Pode ser uma vontade louca de proclamar Jesus, acima dos telhados, nas ondas invisíveis da Rede. Talvez Paulo Apóstolo fizesse o mesmo, enchendo o mundo com e-mails de Jesus, enchendo vidas ocas, com aquele que nos conforta no silêncio de nosso ser.

A fé vem pelos ouvidos, mas também pela web.

Escrevo para você, poeta, poetisa, leitor, amigo, solteiros, casados, enviuvados, abandonados, não importa. Deus o sabe.

Muitos poetas são tristes. Triste também o palhaço, que leva alegria a outros.

Há, porém uma diferença nessa melancolia. Ser triste sozinho, perdido nas letras, dando sentido a letras mortas ou a felicidade eterna, não esquizofrênica, mas transformadora, de saber – que desaparecemos para que Cristo apareça que nos anulamos aos olhos dos sábios deste mundo – já com olhos fitos no outro mundo, na outra eternidade.

Assim, como consagrados, escritos com “C” maiúsculo, nossa poesia terá novo sentido, nossas lágrimas nova conotação, compunção. Nossa solidão, uma oferta generosa a Deus na vida monástica solitária.

Como outro Davi, vamos encher nossa vida com a poesia dos salmos, cantando, salmodiando cada novo dia que amanhece e cada estrela que desponta no céu. Daremos cor aos dias cinzentos e novos matizes à primavera.

Está feito o convite. É Jesus que chama. Venha!

Emmanuel Maria, OASB

Monge Beneditino.

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Padre Efrém Alexandre
Enviado por Padre Efrém Alexandre em 08/04/2010
Código do texto: T2184975
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