RENUNCIA OU ESCOLHA ?
Comento a um amigo que
Lamenta-se das suas dores
Num monento de confissão.
Conheço esse caminho
O percorri a um tempo atrás
Mas ainda parece-me tão ontem
Que nem o gosto do sal
Das minhas lagrimas
Ausentou-se do meu paladar
As cicatrizes hoje no tom rosa
De tão novas que ainda são
Lembram-me a cada noite
Das feridas abertas no passado
Momentos de solidão interna
Remediavam-me com o soro do silencio externo
E o escuro canto frio do quarto
Mas o sono me era tão raro
Que só apresentava-se
Quando o coração calava
Seus gritos de desespero ao amanhecer
Como é difícil desconstruir um amor!
Sua imagem na despedida foi imortalizada
Duramente exposta diante de mim
Jamais esquecerei aquele olhar
Conseqüente da minha escolha
Passou como tudo na vida, passou!
Hoje, num comportamento isolador
Ou auto proteção, não sei adjetivar
Limito-me as fronteira cujos sentimentos
São passiveis de controle, se é que é possível
Não sei!
Sei que os muros estão diante de mim
Construídos pela razão de forma inconsciente
Numa tentativa de proteção
Mas proteger-se de amar, é proteger-se da vida
Tenho ciência!
Levo desse jeito, até quando? Até onde?
Não tenho respostas, vou caminhando
Em paz, e feliz com essa escolha
Se é que alguém pode ser feliz escolhendo não amar
Do amor que falo só os meus muros ditaram
O tempo de reviver
Espero eu não ser aqui a escrever
A reencarnação de um arquiteto chinês
Enquanto não acontecer vou vivendo
Minhas outras ramificações amorosas
Filhos, parentes, amigos etc.
Sem esquecer-me, é claro!
Pois o primordial de todos os sentimentos
É o amor próprio.