SOBRE A DESMEDIDA PAIXÃO DE CRISTO
Hoje, Sexta-feira Santa, é a data em que nós cristãos comemoramos a Paixão de Cristo, assim chamado o período de martírio que Cristo percorreu na sua semana de Sacro Calvário, a que antecedeu e culminou com a sua crucificação, para que no terceiro dia ressuscitasse entre os Homens, como a principal mensagem da sua passagem aos céus, que então comemoramos no domingo de Páscoa.
"Paixão" de Cristo, vocábulo usado no seu sentido denotativo de "entrega e sofrimento" pela nobre causa de nos deixar um exemplo de ações de amor e fraternidade que melhor nos conduza pelo caminho dessa tão tumultuada trajetória terrena, rumo à redenção das nossas vidas.
Essa é a História teológica descrita no livro Santo.
E hoje pela manhã eu acordei pensando que escreveria sobre o assunto.
Pensava que durante a vida de qualquer um de nós, seguimos a nos deparar com situações e aprendizados que sempre encontram embasamento na lição que Cristo nos ensinou.
E coincidentemente ao meu pensamento, talvez no fenômeno do "inconsciente coletivo", ao ligar a televisão, também me deparei com a transmissão da Homilia da Basílica de São Pedro que hoje falava na missão de Cristo, na sua vitimização enquanto "Homem" e sobre a dramática violência a que hoje todos estamos expostos, que por analogia ao Martírio de Cristo, penso que Ele nos deixou a EXATA mensagem de que nosso caminho por aqui não nos seria nada fácil.
A História do Calvário de Cristo é uma perfeita e pormenorizada cadeia de acontecimentos, passagens, parábolas e sábias exemplificações do que todos nós, a despeito da nossa imagem e semelhança à Santa figura de Cristo , bem como à da "Santíssima Trindade", após a nossa "corrupção" pelo pecado, estaríamos sujeitos às consequências dele advindas.
E é assim que ao olhar para o mundo de hoje não nos é difícil perceber que passamos pelo mesmo martírio de Cristo.
Somos igualmente vítimas das violências de toda sorte, corrupções, destratos, inveja, maledicências, calúnias, humilhações, apedrejamentos, traições, dores, desesperos, doenças, catástrofes.
E se fizermos um estudo das causas e efeitos dos nossos atos, também não nos é difícil perceber que somos os vetores dos nossos próprios sofrimentos.
O pecado é fonte inesgotável de desgraças nesse mundo terreno.
Mas aqui refiro-me ao pecado maior, ao pecado holístico, aquele que exemplifica o ditado de que "o homem é o lobo do homem".
Morremos para a "Vida" pelas nossas próprias mãos.
A exemplo do Martírio de Cristo, também somos vítimas sócio-políticas das ganâncias e dos poderes que nos circundam.
Jamais existirá verdadeira fraternidade num mundo de cobiça, de falsos propósitos e de injustiça social entre os povos.
Cristo pregava exemplos de humildade, igualdade, justiça, união, perdão, reconsideração. Cristo não pregava falácias,Cristo operava milagres de toda sorte. Precisava ensinar, esse era o seu maior propósito.
E do ponto de vista politico e social advertia:" A Cesar o que é de Cesar!".
E os tempos passaram...até os nossos dias.
Ocorre que no nosso moderno mundo, o quinhão dos "Cesares", retirados dramaticamente do trabalho das sociedades, enriquecem cada vez mais aos mesmos em grave detrimento do conjunto de tantos outros.
A sua mensagem, portanto, foi gravemente deturpada, como em tantos outros exemplos que seguimos a constatar pelos nossos dias.
Enfim, o que gostaria de deixar nesse meu pensamento é que, muito além da comemoração dum fato Histórico e Teológico, A Páscoa dos cristãos, a que sucede o Martírio de Cristo, nos é a maior parábola vivida e deixada pelo Mestre: a lição de que temos que unir esforços fraternos, ampliar nossos olhares para o todo, para que juntos encontremos o melhor caminho, o que nos conduza com propriedade, felicidade e merecimento à "estreita" Passagem para a verdadeira Vida.
"Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim". João 14:6
"Muitos serão chamados , poucos serão os escolhidos" Mt 22, 1-14
FELIZ PÁSCOA A TODOS!