Que da vida lhe sobra
Ouço a noticia de uma perda, uma vida marcante, deixará saudades pra aqueles que o amava.
Falta-me palavras, sobra-me sentimentos, de todos, do mundo, da vida, da morte.
Além da falta de tudo aquilo que ainda não conheço, daquilo que sei que mereço.
Gostaria de escrever em uma palavra que descrevesse meu sentimento, não posso, ainda não.
Viver o presente como dádiva é difícil, buscando o ponto mais longínquo no futuro.
Descrever a vida e as pessoas, perder de vista, deixar de lado, ignorar.
Apoiar-se no incrédulo, na fé do imaginável, do sonho distante ao obstáculo alcançável.
Desejar a cada manhã, com um sorriso estampado o mais distante continente.
Como Cabral sentiu-se no imenso mar a sua frente, não sabia de nada do que poderia achar e achou.
E se Colombo soubesse certamente não o faria, não com tanta veemência.
O passado não os assombrava, ou sim, apenas caíram de cabeça e foram atrás daquilo que achavam que seria, ou será e foi.
Alexandre procurava sua casa, depois de tanto procurar esqueceu como ela era.
Odisseu queria dar uma prova de seu poder e partiu, quando voltou ninguém mais o conhecia.
Heróis, semideuses, navegantes, Imperadores, encarno suas faltas e buscas, perdas e conquistas para não sentir-me só e iludida, nesse mundo cão de forças místicas e de vidas tantas.
Vidas atreladas aos sonhos, intercaladas com desejos, regadas de saudades e beijos.
Amadas e amores, dores e flores, luzes e sabores, cheiros e toques, dentes e língua.
Indissociável da vida, os prazeres, sempre falta algo e sobram palavras.
A noite é curta para curtir esse amor, que na cama pede aquiescência para condescender o prazer.
No túnel a luz é quente, um azul cegante.
Essas luzes são de estontear;
E no fim e nesse fim, a esperança de um inicio novo na proxima que lhe sera oferecida.