Incapazes para o futuro !
Invejávamos as nossas virtudes.
E tanta gente nos abandonou,
tanta coisa se desfez em nós,
tantos nós foram necessários para nos laçar.
Erguemos as bandeiras, mas elas não foram hasteadas!
Fundamos, erigimos, delimitamos as pontas da página,
transformamos pobres em ricos, tornamos os ricos mais vivos,
acariciamos as tetas da máquina governamental, abusamos das incoveniências, toleramos a corrupção, fomos ão, fomos inho...
E continuamos invejando nossas invejas,
cientes da porcaria, dos porcos,
da estratosfera bem pertinho...
Viajávamos, enquanto amanhecia.
Amanhecia, mas não havia sol,
adormecia, mas não havia sono,
havia acracia, mas cheia de uma democracia bastante
assegurada nas mãos de três ou quatros Quixotes.
E tanta gente nos abandonou,
e tantas vezes nos abandonamos sob a falta de perspectiva.
E acabamos por descobrir:
invejávamos sim, a nossa capacidade de ser incapazes para o futuro !