Sem controle
AUTOCONTROLE. Existirá realmente um sentimento capaz de se concretizar que pode ser substantivado através destas palavras? Autocontrole, autocontrolar-se, controlou-se, controlar, “contra-o-lar”, “contra-o-lá”, “contra-o-que-quer-que-seja”. Será que realmente conseguimos concretizar essa ação tão ansiosamente desejada por todos nós? Convocamos a ausência em nosso favor, mas o pensamento se faz presença, ainda quando decidimos não pensar. Na tentativa desesperada de exercer o controle cometemos atos peculiarmente perversos e a essência desses atos, então, se transveste em um bumerangue afiado que volta e volta. Hoje, diante de muitas tentativas frustadas, eu, indivíduo por trás do sujeito, executo um movimento que, de tão harmônico, chega a ser sinfônico e resulta na mesma tentativa inútil de “auto-controlar-me”. Talvez a ênfase obsessiva das palavras escritas aprisione algo, ainda que mínimo e irrelevante, desses sentimentos que se negam a admitir a existência do auto-controle. Quem poderá saber, se o que resta é tanto?