A esquizofrênia do Capitalismo: 1 parte
A queda das civilizações é de todos o fenômeno mais impressionante e, ao mesmo tempo, mais obscuro da história. Toda a aglomeração de homens, por mais engenhosa que seja a rede de relações sociais a protegê-la, adquire desde o nascimento, oculta nos elementos vitais a semente fatal da morte. (Arthur de Gobineau)
O capitalismo, com sua veneração pela aquisição absoluta e desumana, criara novas misérias na sordidez e na exploração da mão-de-obra, em todos os setores econômicos. O Dinheiro passa a ser a medida de tudo; a pobreza, o grande vício. Mesmo quando as grandes corporações empresariais, industriais, ou onde o servidor público luta para preservar sua profissão, mesmo com todo o regimento interno que cada instituição tem, mesmo com toda a propaganda em revistas, jornais, escolas, sobre a questão de ser ético, de possuir uma postura moral profissional e exemplar, tudo isso tem como parâmetro o Dinheiro, mesmo que se afirme o inverso, ou que se objete com argumentações dialéticas para tentar nos persuadir que não é bem assim; basta analisar as raízes, os pilares, as colunas, as metas, e os meios: o Dinheiro é o maior Deus que a humanidade já criou.
“O indivíduo que funciona normalmente, adequadamente e sadiamente como cidadão de uma sociedade doente_ não será tal indivíduo mais uma pessoa doente?” (Herbert Marcuse).
Nossa burguesia masoquista e seus clones das diversas classes profissionais passivamente cedem as exigências de seus mestres políticos sádicos. “Os tipos humanos hoje dominantes (disse o escritor Horkheimer) não são preparados para chegar à raiz das coisas. Eles não estão capacitados de modo abstrato e a fazer algo mais do que o simples registro de fatos, por tanto a sociedade capitalista não tem personalidade”.
Em nossa própria sociedade atual estamos lindando com o fenômeno colossal da alienação de si mesmo, da vida e do funcionamento real das coisas que permeiam nosso mundo, e isso é um terreno fértil para o surgimento de neofacismos e de ainda mais fanatismo religioso em todos os lugares: a insignificância e a impotência do indivíduo. O moderno cidadão, que se orgulha de sua pseudo-liberdade e progresso, é livre para fazer apenas duas coisas: ele pode entrar no ritmo como um soldado marchando ou como um trabalhador no círculo interminável. O sistema capitalista está tornando incomensuráveis legiões de esquizofrênicos aparentemente normalizados.