Somos a Liberdade
Não preciso pensar muito para começar a escrever o que me vem à mente. Não preciso pensar em rimas, em versos, em estruturas que possam fazer com que redija palavras encaixadas em blocos fixos, imutáveis, que muitas vezes escondem o verdadeiro desejo de, simplesmente, me expressar sem forma definida.
Não preciso abrir muito meus olhos, nem mesmo prestar muita atenção aos sons que vem lá de fora, para saber que passos percorrem as mesmas calçadas, os mesmos caminhos todos os dias, numa rotina circular, com tempo certo de início e de fim.
Me sinto aprisionado por calendários, por números que simplesmente fazem passar mais rapidamente meus momentos, meus sonhos. E o amanhã vai se tornando cada vez mais uma repetição de tudo o que pude vivenciar no ontem, previsível.
Mas não sou o tempo. Não somos o tempo. Somos a liberdade. Somos o vento soprando sem destino, o livre-arbítrio, o pássaro que deixa com que suas asas sintam a vida ao seu redor.
Não há reprises, não há o mesmo sol todos os dias, não há o mesmo céu, nem a mesma estrela. Há, sim, a mesma atitude.
Libertar-se é querer mudar a si mesmo. E o desejo de tornar cada minuto um momento único é exclusivamente de cada um.
Ser único é se libertar das algemas do tempo e, somente, viver.