Confissão...
Quando eu tinha 15 anos minha vida tomou um rumo inesperado eu estava preste a ser crismada e havia perdido minha segunda madrinha, então tive que escolher uma madrinha às presas.
Uma nova madrinha não era coisa fácil de arranjar, mas a minha surgiu rápido a minha frente, seria a mãe de uma prima postiça, ótima pessoa, excelente mãe, coração maravilhoso, três filhos, sendo dois adotivos, não tive dúvida fiz o pedido.
Ela aceitou, mas ai mamãe deu “peti” (chilique), afinal ela era espírita!
E agora o que fazer? A nova pretendente à madrinha resolveu ir conhecer minha mãe e para que não pairasse duvidas sobre suas boas intenções falou sobre o centro espírita e convidou para que fizéssemos uma visita.
Proposta aceita. E agora? O que sabíamos desse tal “espiritismo”? Que era coisa de comunista. E comunista come criancinha. Que o diabo deveria estar lá, e coisas desse tipo nos era ensinada.
Quando a noite chegou fomos a certo centro de nome engraçado “Nosso Lar”, quando lá entrei procurei um banco o mais perto da porta possível e preparei o meu corpo para fugir dali a qualquer momento.
Tudo começou com uma leitura bonita e fomos convidados a orar, orei com os olhos bem abertos, afinal vai que algo me pegasse enquanto eu estivesse de olhos fechados.
Mas a prece era o Pai Nosso, como pode ser isso? Perguntava eu a mim mesma.
O palestrante então falou sobre uma passagem bíblica, velha conhecida minha “A transfiguração” (Jesus, Elias e Moisés), explicou-a usando uma palavra esquisita “REENCARNAÇÃO” – essa palavra tinha significado e fazia-me entender porque dona Maria sofria e seu José sorria, Deus era justo, e nós não estávamos pagando pelo erro de ninguém, morríamos e voltávamos com nova oportunidade de correção e aprendizado, aqueles que erravam não eram condenados ao inferno, as crianças que morriam em tenra idade não iam para o limbo, a vida fazia sentido, suas dores, suas misérias, seus sofrimentos, tudo tinha uma razão maior de ser, havia justiça até onde os meus olhos não viam.
Há Deus era bom e justo! Era verdade!
Eu chorei porque encontrei o meu caminho, fiz a crisma, minha madrinha era espírita, fui ao padre meu melhor amigo, um anjo bom que Deus pôs em minha vida, lhe falei de minhas dúvidas e lhe falei de minha certeza e ele me disse com a doçura de sua alma e com a sabedoria que iluminava suas pregações: _ Minha filha, sirva ao Senhor Deus, onde o Senhor lhe chamar! Minha declaração de liberdade.
Eu que indagava tanto na igreja a ponto de um dia fazer uma nobre irmã perder a paciência comigo e dizer: _ Padre essa menina está endemoninhada!
Ao que respondi: _ Se pensar e querer entender as escrituras é estar endemoninhada é assim que desejo continuar!
Claro que meu anjo de guarda, meu confessor, sabia quem eu era e disse a irmã: _ Imagina se uma de minhas melhores alunas poderia ser possuída por algo que não fosse divino. E completou: _ Irmã precisamos nos preparar melhor para responder a jovens tão inteligentes. E todos os colegas do curso riram até a pobre irmã, que perderá a cabeça.
Afastei-me da igreja anos mais tarde, fisgada por aquela palavra nova e esclarecedora: REENCARNAÇÃO!
Hoje me considero espírita porque luto todos os dias por vencer minhas más tendências.
Já passei por todo o tipo de constrangimento por causa minha religião, até emprego já perdi por ser espírita, alguns amigos de mim se afastaram e sei o que é preconceito na pele, então quando alguém me chama de preconceituosa eu paro e penso: _Meu Deus o que eu fiz de errado?
Para todos aqueles que me perguntam: _ SIM! Eu sou espírita! Pelo menos nesta vida.