Anjos sobrevoando corpos já sem vida

Nas noites escondidas entre dias sem muita coisa pra fazer

O sono é mesmo difícil , então , acordado , penso , nem penso

Me engano esperando os olhos pesarem

É verdade que o desespero , que hoje me invade , mais tarde me trará paz ?

Descartei a possibilidade de me forçar à dormir

Quero tudo fluindo naturalmente , vindo como há de vir

Sem adiantamentos , sem vestígios de mal-estar

Passar o dia deitado em uma cama com o mesmo cheiro

A vaidade se expressa em um banho por dia

Sem a necessidade de estar se mostrando forte ou preocupado

Essa é a vida dos sonhos

Dos pesadelos , pois pesadelos são sonhos ruins

Vontades insanas , desejos da mais pura falta de opção

O cálice cheio de silêncio transbordará em fogo

Quem observa de fora , acha o descontrole um ato controlado

Uma maneira de reagir ao medo de agir

Mas nem sempre o descaso consigo mesmo atinge o alvo

Corpos já sem vida , que se movimentam sob a luz da espera

Respiram , estranhamente ... Pondo medo a quem sorri para desfarçar

Não alimentar o desgosto é uma lição difícil

Que se aprende com a perda de algo irreparável

Há algum tempo em que fará sentido viver ?

Anjos destruíram os meus males , destruíram o meu ódio

Covardemente ... Eu ainda dormia quando fui roubado

Só me restaram o corpo meio inerte , e a alma fina e frágil

Estou indefeso , preciso me confortar diante de algo bom

Mas o que é bom desonra o que eu sempre senti

Então ...

Não seria tão mal recomeçar .