EM DESCOMPASSO

Sinto uma dor emocional que me faz vivenciar uma confusão tão grande! É quase física, uma saudade dorida, distante. É falta de quem não está, de quem não é... É o ideal do sentimento puro, que transcende a falsidade, o desejo ou alguma expectativa material. Transcende o aqui, o agora. Sentimento intocado, imortal. Ainda irreal.

Sei apenas que este ser que espero é amigo de longa data e quão feliz seria se tivesse alguns minutos de silêncio, de paz inocente, ao lado deste anjo - estará aqui ou me espera lá? Enquanto aguardo sua chegada (ou a minha ida), envelheço na carne, e me emaranho nas convenções que desprezo. Queria saber que não sou tão só por querer ser diferente. Queria a certeza de que há quem me aceita, compreende, e ama como sou (como verdadeiramente sou).

Parece triste, mas quando me sinto assim, sinto que não sou morna! Sou uma tempestade de emoções, me sinto viva, tão viva! E se me abafo por não ter a quem falar, que compreenda este vazio, ainda é melhor do que a ingênua ideia de que tudo está bem quando apenas aparenta estar bem.

Às vezes encontro parte do que procuro, aqui na matéria - amores e amigos fazem tanta diferença! Mas me preparo para o inevitável adeus dos homens - como as pessoas gostam de dar adeus! não compreendo... Sentimentos terrenos não duram muito, neste grande teatro que é a Terra. Pessoas se aproximam para receber o que não somos! E, então, vão embora sem dó, não importa os sentimentos que tenham plantado e que morrerão sufocados pela sede do amor que um dia lhes regou.

O coração que ama tem que aprender a libertar. Espero quem não está e sacio a infinita sede com alguns verdadeiros gestos de afeto que recebo. O amor é sentimento o qual palavras não são capazes de exprimir... o amor, só sei sentir.