Veneno
Uma semente caída do céu
Puro descuido – ao léu –
Apareceu em meu jardim
E com ela fiz amizade
Conversava, fazia-lhe sorrir
Regue-ia com carinho
Todos os dias antes de dormir
Certo dia ela me surpreendeu
Com suas folhas amareladas
Vergadas, quase ao chão
A tristeza em mim se abateu
Fiz uma oração
Fiz promessas a São João
Queimei velas de sete dias
Meditei, fiz-lhe poesias
Mas de nada adiantou
Já crescida ela murchou
Minha oferenda São João recusou
A vela o vento apagou
E no meu jardim
-tão bela tu eras –
Não desabrochou
Meu coração ainda triste
Maldiz o veneno que a secou
-mas não dá nada não -
Quem sabe amanhã
Outra semente caia
Preenchendo este vazio
Esta saudade que aqui ficou
Dedico estes versos a DUDA, em pé, apesar das cicatrizes!