Veneno

Uma semente caída do céu

Puro descuido – ao léu –

Apareceu em meu jardim

E com ela fiz amizade

Conversava, fazia-lhe sorrir

Regue-ia com carinho

Todos os dias antes de dormir

Certo dia ela me surpreendeu

Com suas folhas amareladas

Vergadas, quase ao chão

A tristeza em mim se abateu

Fiz uma oração

Fiz promessas a São João

Queimei velas de sete dias

Meditei, fiz-lhe poesias

Mas de nada adiantou

Já crescida ela murchou

Minha oferenda São João recusou

A vela o vento apagou

E no meu jardim

-tão bela tu eras –

Não desabrochou

Meu coração ainda triste

Maldiz o veneno que a secou

-mas não dá nada não -

Quem sabe amanhã

Outra semente caia

Preenchendo este vazio

Esta saudade que aqui ficou

Dedico estes versos a DUDA, em pé, apesar das cicatrizes!

khayssa
Enviado por khayssa em 19/03/2010
Código do texto: T2148037
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