Antes que eu a ame

Julguei que minha convicção não falharia.

Prometi!

E com o espírito tolo, mas repleto de orgulho, selei um pacto com meu coração. Uma promessa que jamais haveria de ser rompida!

...

Contemplo agora a estupidez de quem foi audacioso suficiente para crer que poderia reprimir o frenesi de um coração que se apaixona!

Verte deste imaginário um amor incontrolável! [possivelmente irrefletido.]. Como o sangue que de um corte arterial não se estanca!

Retenha-o com rédeas de aço, busque a força de mil corcéis... Não. Nada refrea o caminhar de quem ama!

Exânime, miserável... morto. O caminhar continua. Até que o mais próximo se esteja de quem se ama.

E não importa se será apenas um escarro na face. Do fim, olvida-se... ao menos quando trata-se do começo.

...

Obriga-me a seguir em frente. Luto [quase indefenso] contra o egoísmo de um coração cego, incapaz de sequer vislumbrar o sofrimento do futuro...

Não sabe ele que todo amor que sente jamais será compartilhado.

*

Antes que me consumam os anseios de meu lado irracional...

Esvairei até o último resquício de consciência para manter em cárcere o que sinto.

Perderei-me em outras imagens para olvidar [de uma vez] a sua!

E silenciarei meu coração a cada momento em que tentar se pronunciar.

...

Não posso cogitar a idéia de estar ao seu lado...

Pois maior será a dor no porvir.

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Por isso, antes que eu a ame... trarei meu coração à morte!

Raphael de Oliveira
Enviado por Raphael de Oliveira em 01/03/2010
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