Evanescente

Sobre um roto e emaranhado lençol, enquanto suspiravas nua e quase adormecia, senti que já tardava a queda da máscara.

A Lua como que um arauto da sinceridade, parecia destinar toda luminosidade encantadora somente a ti.

[hora da confissão.]

Aferrei-me ao seu corpo em um amplexo veemente, senti (percebi) um sorriso ampliar a linha de seus lábios cerrados.

*

Foram muitos os dias em que nos envolveu uma peculiar felicidade, compartilhada tão somente por quem acredita conhecer o amor.

[e como eu temia que você o tivesse conhecido]

Dias em que a pior das catástofres poderia ocorrer diante de nossos corpos, éramos duas estrelas com o próprio brilho estampado na negra tela do espaço.

A única incontestável necessidade era a proximidade de nossos corpos, os quais muito mais repletos de vida encontravam-se à nossa união.

Dias absolutamente inesquecíveis, mas que para você tiveram um significado muito além do que eu jamais poderia vislumbrar...

Todo o amor que criara por mim era como a corda que me teria pendurado, balançando inanimado às lufadas de um deserto.

Estava receoso, mas não podia continuar aceitando o que nunca lhe daria...

*

No meu corpo percorria todo o significado daquele belo sorriso, ainda presente em seu semblante...

Aproximando meus lábios dos seus ouvidos, pronunciei nossa sentença:

- Eu não a amo. E nunca poderei amar.

*

Despencou a lágrima de sua face com o peso de um planeta que, sem explicação, desprendia-se do seu lugar no espaço.

Raphael de Oliveira
Enviado por Raphael de Oliveira em 24/02/2010
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