Evanescente
Sobre um roto e emaranhado lençol, enquanto suspiravas nua e quase adormecia, senti que já tardava a queda da máscara.
A Lua como que um arauto da sinceridade, parecia destinar toda luminosidade encantadora somente a ti.
[hora da confissão.]
Aferrei-me ao seu corpo em um amplexo veemente, senti (percebi) um sorriso ampliar a linha de seus lábios cerrados.
*
Foram muitos os dias em que nos envolveu uma peculiar felicidade, compartilhada tão somente por quem acredita conhecer o amor.
[e como eu temia que você o tivesse conhecido]
Dias em que a pior das catástofres poderia ocorrer diante de nossos corpos, éramos duas estrelas com o próprio brilho estampado na negra tela do espaço.
A única incontestável necessidade era a proximidade de nossos corpos, os quais muito mais repletos de vida encontravam-se à nossa união.
Dias absolutamente inesquecíveis, mas que para você tiveram um significado muito além do que eu jamais poderia vislumbrar...
Todo o amor que criara por mim era como a corda que me teria pendurado, balançando inanimado às lufadas de um deserto.
Estava receoso, mas não podia continuar aceitando o que nunca lhe daria...
*
No meu corpo percorria todo o significado daquele belo sorriso, ainda presente em seu semblante...
Aproximando meus lábios dos seus ouvidos, pronunciei nossa sentença:
- Eu não a amo. E nunca poderei amar.
*
Despencou a lágrima de sua face com o peso de um planeta que, sem explicação, desprendia-se do seu lugar no espaço.