Sutis diferenças entre otimismo e esperança
Muitas vezes degustei minha fé como quem se promove, em outras, como quem se comove; às vezes fecho os olhos e espero que a realidade não me engula. Noutras vezes, aceito a dor e a lição.
Agora, com penar, raiva e muita, muita coragem, estabeleço as (minhas) linhas entre OQUENÃOÉ e OQUENÃOPODESER:
OQUENÃOÉ é puro ritmo "betoguediano", sobressalto quaternário, valsa/blues; OQUENÃOPODESER é compasso inexistente, desconhecido: não se dança, sequer se balança o pé!
OQUENÃOPODESER é agonia e constrangimento, OQUENÃOÉ, certeza.
OQUENÃOPODESER trata-se da responsabilidade do outro (e quem inspira o outro?)(e quem, num mundo imediato e egoísta, pode esperar que o outro pense nos sentimentos do 'outro'?)(e esse bem poderia ser o discurso do 'infelizmente...'). Mas OQUENÃOÉ atrai responsabilidade própria, define tempos e movimentos, prepara emancipações.
OQUENÃOPODESER engana eternamente, subtrai energias, é como um poço seco no deserto: deveria haver algo, lá! OQUENÃOPODESER necessita de muito chocolate... e vodka russa pura!
OQUENÃOPODESER induz a uma centena de perguntas erradas, pelos motivos errados.
OQUENÃOÉ reduz as respostas a uma só: não é, ponto! OQUENÃOÉ é uma rede na varanda, um bom livro ou Leila Pinheiro cantando 'Prá iluminar', fondue de queijo e vinho branco seco...
Se fossem tempos verbais, OQUENÃOPODESER seria... seria... seria... 'pretérito do futuro mais que subjetivo'; OQUENÃOÉ seria 'presente'.
OQUENÃOPODESER é um unicórnio cego.
OQUENÃOÉ é um garanhão árabe treinado, selado, arreado, em cuja crina negra se pode agarrar, e deixar bater o vento no rosto, enquanto as lágrimas caem.