O tempo e a memória
Para Cíntia Moscovich
No momento em que estamos vivendo um ato, uma situação, ela se contorna dura, concreta, ainda que existam seus encantos escondidos, ou emoções nos seres ali presentes. Mas o fato é que o verbo é da ação, do movimento. É no tempo, no presente, no indicativo. Sim. Quase frio, se não fossem os predicados lhe amenizando. No tempo os momentos mudam suas cores, seus tons, suas verdades. No pretérito, do esquecimento, se embelezam acontecimentos, roteiros e cenas de vida experimentada. Seria, talvez, da memória o papel de reler e apontar o novo quando o tempo já não é o mesmo – já se foi e ainda o é. Permanente por ser tempo. Ela, a lembrança, transformadora das realidades, brincando com o sol que ofusca, trazendo a dança das sombras, para que o agora se eternize, mais belo, confiante e merecedor de ser passado no futuro do outro agora.