Dependente Emocional
Vania, 28 anos, dependente emocional.
“Alguém sabe... quando o choro quer vir, não vem só. Sentir a ânsia escorregar pela garganta é só o começo. A vontade vem com a falta de ar e em seguida descompensa o coração. Os nervos ficam a flor da pele, muitas vezes, um grito retrai a revolta, ou um gemido acolhe a dor. Quando são tantos os motivos por se chorar, um suspiro expulsa a raiva... E quando o corpo reage... não há razão para a consciência, apenas as conseqüências.
Objetos se quebram (mas não se quebram sozinhos), brigas acontecem (e não acontecem somente só)... Por causa de lágrimas, alguém vai querer esquecer o que fez, outro alguém irá querer se vingar do que não fez, porque quando se chora, algo repulsa o que queremos, ou o que não queremos. Quis uma vez esvaziar de mim, a mágoa que cultivei, a mágoa que plantaram... mas se colhi, foi porque estranhamente cultivei. E certa vez, não queria expelir a dor que me causaram, mas se doeu tanto assim, foi porque de alguma forma alimentei essa dor, para depois mastigá-la pelo gosto da vingança.
Uma vez quando chorei, reverti o que senti em atos... um tapa na face, um copo na parede, pratos no chão, um grito sem sentido para alguém que não mereceu ter ouvido... e o pior foi a crise de autopiedade. Pedi que ao fim da última lágrima, o chão se abrisse revelando um abismo do qual deveria cair sem vida. Pensem o que for, choro compulsivo, seja lá o que for, não há choro sem motivo.
A grande vontade de chorar vem como se fosse um trem desgovernado, sem controle assume a desgraça. É triste chorar assim... não se vê consolo, porque não há destino. As lágrimas caem para não voltarem jamais... e no dia em que se der conta disso, entenderá porque chorar é tão primitivo. Simplesmente não se pode mudar a razão do que já aconteceu... não tem motivo, porque existe outros motivos... que talvez valha a pena chorar.”