Senhor do Mar
Singrar os pélagos,
Entorpecer-me ante as tempestades,
Eu, corsário, ladrão das minhas próprias lembranças,
Contemplo a brisa que me envolve,
Por um momento, acho, senti teus beijos,
A doce fragrância do seu perfume,
Eu me perco em direções contrárias,
De um destino, que me acerca.
Escute, é o som das ondas, quebrando-se contra o casco,
Dela posso fazer uma canção, dela posso quebrar-me, e, ser solidão.
Eu sigo esse horizonte, embora ele sempre se afaste,
Na ilusão, de uma realidade deturpada,
Agora posso ver claramente,
O mar é o meu caminho, percorrido ou a percorrer,
Minha “Nau” sem curso pré-definido, são meus passos,
As ondas são meus tropeços,
E, eu, que pensei ter sido ladrão de minhas lembranças,
Vejo-me furtado,
Quando pensei ter enriquecido de pilhagens
fiquei pobre, vazio...