Jogo mortal

Parece a mais recente nota

Um borrão a mais num diário

Um rosto corroído pelas lamurias

De uma face cortada pela infância

Arrastando suas correntes pela casa de vidro

Queimando a gloria infernal com o pecado divino

Sugando a vida dos imundos mortais que se afloram

No seio do calvário do homem com a coroa de espinhos

Na terra dos perdidos e abandonados alimentasse a carne

Nós tivemos fome e ele nos deu a carne

Tivemos sede e ele nos deu o sangue

Agora reclama orações pela morte

Que te penduram nas paredes

Sentindo a terra em nossas narinas

A face suja arranhada no chão gélido

A mão sobre nossas cabeças ora

Enquanto comemos a sujeira

Dos pés encardidos

Estampado nas paredes úmidas

Construídos a sangue suor e lagrimas

Com ouro te compras terrível missionário

Com sangue lhe paga o preço da verdade

Com riqueza lhe vestes o manto da mentira

Com vidas lhe faz a ponte da fama e da ambição

Os olhos arrancados não podem chorar

Como o pouco das mãos não vai te abraçar

Então grite, grite sem hesitar a todos ouvidos

Grite verdadeira dor que persegue a raiz de tudo

Grite pro mundo todo que você nunca quis existir

E isso tudo é só mais uma estratégia desse jogo mortal

Eduardo Melin
Enviado por Eduardo Melin em 06/02/2010
Código do texto: T2072008
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