De nada!

Que bom seria se a árvore tivesse tantos frutos quanto quer dar

No entanto, apesar de tanto querer, não dá tantos frutos como imagina

Na verdade nem é uma árvore, mas uma orquídea, ignorante de sua raridade

Dá-se como aquilo que não alcança, enquanto se arvora do que não é

Aquela essência única continuará até que a orquídea se veja no seu espelho

Seria o caso de ser breve, já que o tempo dela é também raro e único

Não há meios de ser-lhe reflexo enquanto apenas deseja a muitos alimentar

Pudesse ver-se, saberia a quantos olhos encheria de uma beleza genuína

Falta certa franqueza, mas como o poeta disse; mentiras sinceras lhe interessam

Então, rodeado de ilusões, prossegue, certo de estar saciando famintos

Não de belezas raras, mas de esfomeados de breves momentos de saciedade, aquela, de que se fartam imediatamente e em seguida se esquece

Porque há os que têm fome da beleza infinita, pois a beleza genuína é eternizada

Também há os que têm certa fome que os fazem morrerem de tanto se alimentarem

de nada...

De nada!

“É preciso saciar o corpo, mas é imprescindível alimentar a alma”.