Sou

As fronteiras estão ali, na janela ao lado...

Eu já gravei, analisei, interpretei...

Mas se é assim, por que a dor ainda uiva em meus ouvidos?

Por que a luz que chega aos meus olhos não inebria?

As mãos, atadas, não limitariam tanto...

Os travesseiros, depois de certa hora, passam a acusar...

Já não sei quem sou depois da primeira ponderação...

Tudo é tão confuso, uma forte neblina traz os fantasmas

E não quero mais querer o que sempre quis...

Tenho medo de não conseguir mandar pra longe

O que não quero mais perto...

Vou ser devorada pelo poço da dúvida?

Vou me afogar nas águas revoltas e inquiridoras,

Desse mar de falsos olhares que me prende?

Não!

Minha fronteira está num simples e único sentido,

Sou grande demais para ser carregada...

Sou luz demais para ser aprisionada...

Sou selvagem demais para ser domesticada...