Podres Virtudes

Diz ela que sou só desilusão
Grita ela a plenos pulmões que vivo a rastejar
Pelos Matos, lodos e buracos...
Esbraveja que sou um assombro
Que sou intrépida e estranguladora
Afirma ainda a alto e bom som
Que vivo a arrancar os olhos dos Dionísios
Afirma que meu oficio é enganar
Oh! Pobres Homens!
Quão torpe e vil criatura sou!
De acordo com as palavras de tão santa mulher
Ela julga-se o “próprio ser absoluto”
Condena-me!
Trucida e manda-me para a fogueira
Alega ser a legitima representante da moral e dos bons costumes
Pratica sua livre inquisição em nome do próprio deus
Quantas mágoas?
Quantas tesouras?
Mal amada criatura!
Quantos redemoinhos giram em tua auréola cabeça de virgem imaculada?
Oh! Santa mulher!
Veste-se de ódio e de guerra
Não passa de um anônimo cachorro da terra
Não vê que és tu mesma teu único inimigo?
Ah! Desgraçada!
Acabrunha...
Substância traidora...
És tu teu próprio pilatos
Tu mesma cavas teu túmulo
Mulher de pouca fé!
Do que temes tanto em mim?
Aponta em mim aquilo que temes em ti
Julga-me pela aresta do teu olho
Pare de cometer teus crimes em nome de DEUS!
Pare de culpar a vil serpente
És tu a vil criatura enganadora
Escapaste de um aborto
Mas não escaparas do longo braço do juízo final
Deixo para ti meu beijo de peçonha
Acalme-se!
Minha ferida não é cancerosa tal qual a tua
Não contamino com a vileza das condenações vis e infundadas
O que contamina mentes fracas é a tua PODRE VIRTUDE
!