REFLEXÃO SOBRE O MESQUINHO
O miserável é aquele que nega o gozar a vida agora e sempre.
Mais do que não dar nada de si ou do que possui aos outros, o pão-duro nega o que tem e até o que não tem a si mesmo.
A vida para ele é pensada e vivida no futuro, sua mente está focada no porvir.
Ele tem medo da falta no amanhã, por isso vive na escassez hoje.
Ele espera por uma catástrofe iminente, assim, vive a guardar para se proteger do desconhecido.
Sua riqueza é apenas virtual, um saldo bancário numa tela de computador. Possui bens materiais que somente acumula, mas de maneira alguma desfruta.
O muquirana talvez seja o ser mais infeliz que existe, pois não usufrui dos bens que ele mesmo construiu e ajuntou talvez por muitos e muitos anos.
Procrastina o bem-estar para um tempo de provável mal-estar.
A vida que possui hoje, o tempo de agora, que é o único que de fato existe, são para ele pouco importantes.
Consegue como ninguém adiar o gozo das coisas do momento para um futuro provavelmente mais próspero, mais propício, ou, mais árduo.
Não sabe, o mesquinho, que ele não possui as chaves da vida e da morte. Que sua vida é como um sopro e está a correr em contagem regressiva.
Felizes serão os seus herdeiros, se não forem mãos-de-vaca como ele.
O miserável, o pão-duro, o muquirana, o mesquinho é apenas um pobre-diabo que rouba dele mesmo, ele odeia a si mesmo, despreza sua própria vida.
Seus tão bem quistos tesouros serão por outros em instantes dissipados, enquanto ele estará, para sua própria felicidade, para sempre inconsciente e aniquilado.