SINA
Inquietude desobediente esta minha. Vagueia sorrateira pelos meus porões...e pensa que não ouço seus passos. Quanta pretensão!
Às vezes ela se cala, mas a ouço respirar baixinho...inspirando meus medos, expirando anseios. Tilinta os dedos sobre meu dia; quebra vidraças em minhas palavras. Arrebenta em meus pulmões, dá voltas em mim. Pede de tudo: atitude, opiniões, mudanças, revoluções. E por não saber dizer não...faço silêncio, às vezes triste, e tento respostas menores que o tamanho dos meus sonhos; mas ficam intactas em minha boca; como se tudo que dissesse me tornasse louca e sem paixão.
Por isso, não se incomode se nada digo. Não se incomode não. Minha inquietude é meu mendigo pedinte...que não tendo nada para comer, teima ficar em pé no dia seguinte.