UMA MENSAGEM, QUE OUVI ROUBADA.

Depois de uma, visita de rotina ao um mercado da região, uma discussão de rotina por mal organização dentro do carrinho também, erro no digitar a senha, um desconforto, e nos apressamos, pelo adiantado da hora do almoço bem como retomar a atividade de trabalho; nada de crise sómente bico!

Paramos antes de encaminharmos, para casa frente a outro comercio, para finalizar uma negociação. Eu permaneci, dentro do carro, e sem querer, óbviamente ouvi o diálogo entre dois homens, de aparência, simplória, amarrotados desgrenhados na verdade, certamente moradores desta cidade, e do trabalho braçal, talvez tratadores de animais, ou caseiros que plantam, capinam, ou quem sabe servente de obra...

Um deles, sentado sobre uma pequena mureta, dizia, com tom apaziguador, doutrinário, demonstrando uma vivência e conhecer de dor e fazer sessar a dor, que me impressionou.

Naquele instante lembro-me de ter pensado,que certamente, homens preparados como Pastores, rabinos, orientadores para tais situações,perderiam para aquela tão laconica orientação.

Na parte externa da mureta, que dava para a avenida, o outro homem

ouvia, eu não podia ver-lhes o rosto, enquanto ouvia o amigo...

Falava, tristemente da morte do filho, daquele que ouvia, orientando-o a como proceder até a dor da ausência daquele jovem tão especial, que não tinha vicios, era trabalhador de boa convivência etc, etc

Em dado momento, falou que não era "crente" mais se batessem-lhe

a porta com mensagem evangélica, era para ele receber ouvia a mensagem, pois seria certamente enviado por Deus.

Entre das frases, chamou-me a atenção, ter dito que perder o filho, era de igual modo como dormir bebado e acordar bebado, sem nada ter tomado de alcool, era uma dor de saudade que nada poderia se comparar, ao tratar-se de um filho tão querido.

Neste instante ele estava transfigurado, de dor, "eu vi, a tristeza nos olhos dele", e supuz - pobres homens se encontram numa tragédia e se irmanam para superar a dor da perda dos filhos, pensei ainda que talvez, estavessem juntos quando morreram ?

Quando derrepente, o homem aconselhador, mensageiro de tão bonitas palavras, enterrompeu o discurso e propos - vamos embora daqui? - não temos mesmo mais nada, vamos para: Baquirevu, Ubatuba...ah! Bauru, ou Botucatu, ele havia se lembrado - lá tem um cara que tem 54 obras, eu vou amanhã, e te ligo pra voce ir tabém..topa?

Ao que respondeu o sofrido, homem que poco falava a não ser concordar - vamos sim, não tenho mais nada, na vida...

E se foi,eu estava tão comovida e envergonhada, por em meio a tantas noticias tristes, enchentes, aqui na nossa terra, em terras distantes tantas mortes, em terremoto do Haiti, atentado à bombas espalhados, tantas incertezas do "amanhãs", e aqueles dois alí com as almas rasgadas doídas pela perda dos filhos, e eu preocupada com as minhas, tão pequenas rusguinhas...

E então disse , antes que ele também se fosse - Meu senhor, lamento sua dor sua perda, mais a resposta o senhor já tem, e foram sábias suas palavras sómente Deus, apaziguará esta dor, mais em breve, será um saudade uma grande saudade - e continuei, os filhos de voces eram amigos, morreram juntos?, ao que ele me respondeu - não, eu não perdi, o filho dele morreu de acidente de moto, semana passado aqui mesmo, e eu nem tenho filho para perder só tenho 42 anos, e o que eu perdi foi a cerveja que ainda não bebi e o serviço que tinha, fui dispensado...

Pouco antes, de aquela conversa terminar meu marido voltou ao carro, e permaneceu alí também, tocado pelo relado de dor, e acompanhou até o final,sem muito entender.

Continuo sem entender, será que Deus, mais uma vez estava usando um asno, aquelas palavras de alento, foram para mim também boas de serem ouvidas.

Cida Cortes
Enviado por Cida Cortes em 19/01/2010
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