VIDA EM OUTRA VIDA

A única certeza

É a incerteza do tempo

Nesta noite calada

Escuto vozes

Mas como pode ser?

Pergunto-me

Mas penso que o tempo seja propício

Sinto a calmaria das árvores sob o vento

Como se ele chegasse e acariciasse suas folhas

Vem de um burburinho sem fim

No começo acho que nada escutava

Ou se escutava não me atentava

As vozes foram chegando

Como aquele que vem de longe

Já sem pressa pelo cansaço

Agora tudo é silêncio

Alguns dizem paz

Mas pobre deles

Que não escutam o fervilhar de minha alma

Também pensei que a porta

Se fechasse

Mas hoje digo com certeza

Ela mal se abriu

Tenho todo o tempo

Do mundo para pensar

Verdade é tamanha

Que já creio

Como alguns pensadores

Que o tempo não é mera marcação

Talvez por ele trafeguem

Quiçá nossos pensamentos

De tão imponderável

Que não damos conta

Que é matéria

Devo me preparar

Para quem sabe

Sair ao preparo de outrem mais adiante

Pensei ser o fim

E loucamente me deparo

Com o começo

Ouço alguém

Sinto um tremor

Agora uma voz

Lá lá ao longe

Creia-me ainda não era voz

Mas sim um murmúrio

Mas sei que finge procurar-me

Pois sabe exatamente onde estou

Eu devo ir

Não sabes quanto me pesa

A despedida de mim mesmo

Mas é preciso seguir

E assim despeço-me

E sigo

Para o nada

Para o tudo

QUINKAS
Enviado por QUINKAS em 14/01/2010
Código do texto: T2029148
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