-História Ainda Sem Nome-

Era noite. Estrelada e quente, calma e confusa.

- Posso te falar uma coisa?, ele perguntou.

- Claro!, ela respondeu com um sorriso nos lábios.

- Você está muito bonita essa noite...

Ela riu por um instante e disse:

- Você está bêbado?

Ele, rindo também, parou de caminhar e olhou fixamente para ela. Já não estava mais rindo. Contou:

- Um pouco. Mas mesmo se eu não tivesse bebido nada eu iria te falar isso...

Ela parou de rir também... e disse que ele era um mentiroso.

Ele jurou que não... e realmente não era.

- Eu posso te perguntar uma coisa?

- Sim... pode.

- Posso te dar um beijo?

Assustada, ela exclamou:

- É claro que não!!

- Um só... não vai mudar nada!

- Vai mudar tudo.

- Não vai... só um, sem compromisso, só um selinho!

Ela estava inconformada com tal fala; por um instante olhou e não disse nada. Estava perplexa. Como um homem chega a tal ponto? É claro que ele não iria ter nenhuma mulher; desse jeito ninguém o quer! Somente se satisfaz em outros beijos, e em outros braços busca o conforto que não encontra em nenhuma mulher além dela... além do abraço demorado que deu nela da última vez que a viu.

Ela não sai do pensamento dele... mas por quê? Por que tinha que ser? Ela não quer... mas tem algo que as outras não têm, e parece que nunca vão ter. E agora?

- Você não deveria se culpar pelas coisas acontecerem tão naturalmente... simplesmente foi assim, e é desse jeito que vamos nos lembrar!, ela disse.

- Mas você tem certeza?, ele perguntou.

- Sim, absoluta.

Silêncio.

No fim, se olharam como duas crianças assustadas com o que os envolvia; ele, repleto de fissura pela figura que ela apresentava, e ela, repleta de insanidade diante daquela cena.

- Então...

Ele fez um gesto como se fosse cumprimentá-la, com um aperto de mãos.

Ela olhou, riu, e saiu caminhando... sem se preocupar com o que ele pensaria disso...