Às vezes tenho medo
Às vezes tenho medo, medo do fim de tudo. O homem está acabando com a natureza, ainda há tempo de reciclar algumas coisas, tempo de plantar algumas árvores. Mas aí ele planta uma árvore e faz um monte de asfalto. E quando vem a chuva? Pra onde vai toda aquela água? E só transtorno para as pessoas, mortes e ultimamente só se fala em enchentes. Então, começam a racionar alimentos. Lembram-se quando racionaram leite, carne, feijão e devem ter racionado mais algumas coisas que a minha pouca idade não me permite lembrar.
Mas sabem qual meu maior medo? É que um dia eles acabem com os livros e nessa hora eu me pergunto o que será de mim? Eu não tenho muitos livros, por que não posso comprá-los, mas se de repente eles resolverem racionar os livros? Se as pessoas não lêem, elas não terão conhecimento (há quem ache isso interessante). Por isso, leio os livros e guardo as histórias num baú secreto bem no fundo da minha alma, pra que nada nem ninguém venham me tirar as coisas boas que aprendi com minhas leituras. Gosto de ler, ler tudo, até o jornal velho que o senhor da mercearia embrulha a barra de sabão quando vou lá comprar. Antes de jogar o jornal velho no lixo porque não dar uma lidinha? Sabe que muitas das vezes tem noticia velha que é bem interessante e você nem lembrava mais.
Ler pra mim é tudo! Deveria ter uma biblioteca gigante, onde as pessoas colocassem os livros que por ventura não quisesse mais. Imaginem o reboliço que seria? Pois acredito piamente que existem muitas pessoas que como eu, amam ler mas não pode comprar muitos livros.
Tenho uma amiga que sempre me empresta livros, alguns ela comprou, outros ela ganhou. Então, pego emprestado. Trabalho como diarista na casa dela e só vou aos sábados. Às vezes nos sentamos na sala e falamos sobre o que já lemos e tomamos um vinho. É a diarista e a patroa. Mas não falamos de limpeza nem de produtos de limpeza, falamos de livros.....