A ética humana e a idéia do inferno


Não é novidade que o medo do inferno ou de ir para o inferno após a morte preocupa muita gente. Pois a meu ver o vetusto “rei do inferno” deve ser muito criativo para superar o homem em produção de sofrimento para os seres humanos.

Um rápido olhar para o sofrimento humano gerado pelas guerras, pela fome, pela ganância, pelo terrorismo em todas as suas formas, bem como o seu reflexo sobre inocentes indefesos como crianças, velhos, mulheres que talvez seja mais fácil entender a criatividade a qual me refiro.

A terra, nosso adorável planeta azul, esconde em seu ventre um núcleo incandescente, fogo! Isso mesmo, fogo, milhares de graus Celsius, sobre os quais navegam instáveis placas tectônicas que ilusoriamente acreditamos se tratar de “terra firme”. Ora, é incrível a semelhança entre esse núcleo incandescente e a matéria prima do tal “inferno”, né?

Pois é, acredito cada vez mais que não sabemos a verdade. Não sabemos onde estávamos antes de nascer e nem para onde vamos após a morte, mas uma coisa é certa estamos num lugar tão parecido com o inferno, mas tão parecido, que para saber a diferença é necessário um especialista.

Não vamos nos iludir. Estamos trancafiados num presídio incandescente ( ou seja, no inferno!). Numa peleja sem fim para reconhecermos nossos mais abjetos defeitos. Levando bordoada a três por quatro da vida porque na cadeia ninguém leva pra compadre as cagadas. A moeda com que pagamos as merdas que fazemos é o nosso sofrimento, porque é por ele que aprendemos alguma coisa sobre o valor das coisas.

Ora, e tem ainda gente coma cara de pau de se posar de santo! De achar que é melhor que os outros. Façam-me um favor, estes! Vão se catar.

Coloquem-se, o mais rápido possível, assim como eu já venho procurando fazer, no papel de presidiários que não tem a menor moral pra julgar quem quer que esteja, igualmente, cumprindo pena.

Se quiser apanhar menos, coloque-se no lugar de auxiliar os demais porque merecimento se consegue com atitude, principalmente as fraternas. E quem sabe o carcereiro te trate com dignidade.

Ah! Quem sabe também, quando chegar o alvará de soltura, confirmado pela sepultura. Não precisaremos sair daqui devendo mais do que quando entramos.

Inferno! Faça-me o favor.