Utopia

Vejo a utopia brincar entre as mãos de uma criança na beira da

praia. Observo aquelas pequeninas mãos que tentam reter um

punhado de água ao modelar seu castelo de areia. A criança enche

suas mãos de água, mas tão logo pensa ter dela se apossado,

percebe-a escorrer entre seus dedinhos e assim que cai na areia,

absorvida rapidamente, a água some na areia deixando apenas

molhadas suas mãos. Porém, a criança não desiste. Incessantemente

insiste em buscar outro e mais outro punhado de água no mar para

construir seu castelo.

Penso que a utopia serve para molhar as mãos, ainda que por um

breve instante, para depois, no desejo de reter um punhado do mar

entre as mãos e construir castelos de areia, persegui-la pela vida a

fora.

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 04/01/2010
Reeditado em 04/06/2010
Código do texto: T2009818